A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu três protocolos voltados à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) e ao aumento do sequestro de carbono nos sistemas de produção de leite.
As diretrizes são resultado de anos de estudos e incidem sobre etapas centrais da atividade pecuária, como o manejo dos solos, o uso de fertilizantes e a alimentação dos animais.
Sequestro de carbono nos sistemas de produção de leite

Os protocolos integram uma publicação elaborada pela Embrapa Pecuária Sudeste e abordam práticas para mitigar a liberação de metano pelos bovinos, reduzir a emissão de amônia e óxido nitroso no solo e ampliar o acúmulo de carbono.
A proposta é contribuir para a descarbonização da cadeia leiteira brasileira e alinhar o setor às metas globais de enfrentamento das mudanças climáticas, em especial o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13, da Organização das Nações Unidas.
Segundo a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, a atividade leiteira já envolve uma série de desafios técnicos e econômicos, aos quais se soma a necessidade de reduzir impactos ambientais. Para ela, as decisões tomadas nas propriedades precisam considerar a segurança alimentar no longo prazo, a sustentabilidade ambiental e as exigências crescentes do mercado consumidor.
Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação indicam que o setor agropecuário respondeu por 30,5% das emissões nacionais de GEE em 2022. Desse total, o metano representou 19%, sendo 97% provenientes da bovinocultura. A maior parte está associada ao rebanho de corte, mas a pecuária leiteira também contribui de forma significativa.
Práticas propostas

As práticas propostas pela Embrapa reúnem métodos e tecnologias que podem ser incorporados aos sistemas produtivos para reduzir emissões e aumentar a eficiência ambiental.
De acordo com o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, a adoção de soluções adequadas a cada tipo de sistema é fundamental para tornar a atividade mais resiliente e sustentável.
No caso do metano entérico, liberado principalmente durante a digestão dos ruminantes, as estratégias indicadas incluem melhorias nos índices produtivos e reprodutivos, ajustes nutricionais, uso de aditivos, manejo adequado das pastagens, cuidados sanitários e atenção ao bem-estar animal.
Estudos mostram que animais com problemas de saúde ou submetidos a estresse mantêm a emissão de metano mesmo quando a produção de leite é reduzida, o que eleva o volume de gases emitidos por litro produzido.
A especialização genética também influencia os resultados. Pesquisas indicam diferenças na emissão de metano entre raças, associadas à produtividade. Em sistemas com pastagens de alta qualidade, vacas holandesas apresentaram menor emissão de metano por litro de leite em comparação às girolandas, devido ao maior volume de produção.







