Os embarques brasileiros de carne bovina para a China estão suspensos desde o dia 23 de fevereiro, quando foi confirmado o caso de mal da “vaca louca”, em um animal do estado do Pará. O mercado do boi gordo está em alerta diante das incertezas, e muitos frigoríficos ficaram fora das compras na volta do Carnaval e as referências de preços pagos ao produtor caíram.
O Indicador Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, para o boi gordo fechou em R$267,45/@ [arroba a cada 15kg] em São Paulo no dia 23/2, queda de 9,22% na comparação semanal.
Para os próximos dias, considerando a menor procura por boiadas terminadas pelos frigoríficos e o redirecionamento de carne para o mercado interno, o viés é de baixa no mercado do boi. As expectativas ficam por conta da retomada das compras por parte da China, que é o maior comprador mundial de carne bovina brasileira.
Há um forte impacto no setor com a suspensão dos envios para o país asiático, frustrando as expectativas que era de desempenho recorde das exportações nas primeiras semanas de 2023.
Segundo pesquisadores do Cepea, o ritmo de exportações deve cair a partir desta semana, mas agentes do mercado esperam que a retomada das vendas ocorra o mais breve possível, seja pela negociação entre as autoridades brasileiras e o mercado internacional, seja pela dependência mundial em relação à carne brasileira.
Mercado do boi gordo e as exportações
A suspensão do comércio entre China e Brasil é previsto em acordo comercial, que indica que em caso de suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como mal da “vaca louca”, o Mapa deverá suspender imediatamente as exportações de carne bovina temporariamente (autoembargo).
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aguarda análise da amostra do animal infectado, encaminhada para laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), em Alberta, no Canadá, para confirmar a ocorrência de caso atípico ou não da doença. O resultado deve sair até quinta-feira (2/3).
A partir daí, o órgão responsável pelo comércio exterior chinês deve reavaliar o status de risco da EEB e deve definir se o país irá retomar a importação do Brasil.
Entenda o caso
Segundo o Mapa, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (mal da “vaca louca”) foi registrada no dia 22 de fevereiro, em um touro de 9 anos criado em pasto, idade considerada avançada para bovinos, em uma pequena propriedade rural, no município de Marabá no Estado do Pará, que tem cerca de 160 cabeças de gado.
Após a confirmação do caso, o animal foi abatido e sua carcaça incinerada na fazenda, que foi interditada em caráter preventivo pelo governo do Pará.
Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), os sintomas indicam que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano, o que deve ser confirmado pelo exame feito no Canadá.
Outros casos de Vaca Louca no Brasil
No início de setembro de 2021, dois casos atípicos do “mal da vaca louca” foram registrados, nos estados de Mato Grosso e Minas Gerais.
Nos meses seguintes, em outubro e novembro, como resultado da suspensão dos envios da carne a alguns destinos, como a China, as exportações brasileiras caíram com força. No mercado interno, os preços de negociação da arroba bovina recuaram expressivamente em setembro e outubro de 2021.
A doença da Vaca Louca
A doença é degenerativa, crônica e fatal que afeta o Sistema Nervoso Central de bovinos e bubalinos, além de ovelhas e cabras, causando desordens de comportamento, como: agressividade, ranger de dentes e falta de coordenação motora e dificuldade de se levantar. O animal afetado deixa de se alimentar e rapidamente perde condição corporal.