A média do preço do leite pago ao produtor em 2024 no Brasil ficou próxima de R$ 2,60/litro, ou seja, entre 1% e 1,5% acima de 2023.
O que mais marcou em 2024 foi a sustentação do movimento de valorização do leite cru até o final do terceiro trimestre, na análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Preço do leite pago ao produtor no Brasil
Esse prolongamento da tendência de alta ocorreu por conta do crescimento lento da oferta no campo.
Mesmo diante da certa estabilidade nos custos de produção e do aumento da margem do produtor em 2024, o estímulo à atividade foi menor do que o previsto no primeiro semestre, e o clima extremo foi um fator crucial que influenciou negativamente a atividade, sobretudo entre o segundo e o terceiro trimestres.
Ao mesmo tempo, o consumo se manteve firme na maior parte do ano e, no final da entressafra, houve diminuição considerável dos estoques de lácteos, o que ajudou a prolongar o movimento altista.
A inversão da tendência ocorreu apenas a partir de outubro, com as chuvas da primavera elevando a quantidade e qualidade das pastagens e favorecendo o incremento da produção.
Lácteos
A queda nos preços do leite no campo também refletiu em diminuição nas cotações dos lácteos. Em novembro, a pesquisa do Cepea realizada com o apoio da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) mostrou forte desvalorização do UHT no atacado paulista, e os preços da muçarela e do leite em pó registraram baixas menos intensas.
Com estoques de derivados elevados, as importações de lácteos se estabilizaram em novembro registrando 209,5 milhões de litros em equivalente leite, enquanto as exportações cresceram 5,8%, alcançando 4,8 milhões de litros em equivalente leite.
Oferta
Apesar da alta pontual na captação do leite cru, é possível que, no balanço de 2024, o crescimento da oferta continue próximo de 2%. Isso porque os custos com nutrição animal seguem avançando e o poder de compra do pecuarista continua caindo. Esse é, inclusive, o maior ponto de atenção para 2025.
Nesse sentido, a projeção é de que a produção em 2025 possa manter o ritmo de crescimento entre 2% e 2,5%. Um avanço acima disso exigiria uma recuperação muito forte da oferta no primeiro trimestre de 2025, mas isso vai depender do clima.