Aplicar protocolos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) em uma área comercial mostrou que os sistemas reduzem em 12% e 15%, respectivamente, a emissão de metano entérico pelos animais durante a fase de recria de bovinos a pasto.
Além disso, os sistemas permitiram ganhos superiores de peso dos animais, entre 2% a 5% em relação ao manejo tradicional, sendo a primeira vez que esses protocolos são aplicados em um rebanho de alto padrão genético. O estudo foi realizado pela Embrapa Cerrados na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr., em Uberaba (MG), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Produção de baixo ou de carbono neutro na pecuária
O metano entérico é um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, que provoca o aquecimento global, por isso a redução dele na atividade durante o estudo, comprova que a atividade pecuária, com recria a pasto e terminação em confinamento, seguindo as práticas corretas, proporciona queda das emissões e tem viabilidade.
Considerando as fases de recria e terminação, o uso dos protocolos CCN e CBC promoveu a redução na emissão de metano entérico, de 2% a 5%, e o aumento na produtividade, de 4% a 8%, respectivamente, em relação ao manejo tradicional.
Ao final de 385 dias de prova, o ganho de peso final do rebanho foi elevado: 346 quilos para os animais na área de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), dentro do protocolo Carne Carbono Neutro; 359 quilos para os animais na área de ILP, no protocolo Carne Baixo Carbono, aos 21,5 meses de idade – um aumento de 4,2% e 8,1%, respectivamente, em relação ao rebanho em manejo padrão da ABCZ.
Os cálculos foram feitos seguindo a equação desenvolvida pela Rede Pecus, da Embrapa, utilizada para os protocolos CCN e CBC. Para estimar a emissão de metano entérico, são considerados a qualidade da dieta (pasto + ração), a ingestão de alimento e o ganho médio diário dos animais.
Para a prova, foram recebidos 147 animais, todos resultados de cruzamentos entre Nelore e outras raças: 32 Brahmanel (Brahman/Nelore); 32 Guzonel (Guzerá/Nelore); 25 Sindinel (Sindi/Nelore); 26 Tabanel (Tabapuã/Nelore), adquiridos por sua excelência genética.
Marcas com sustentabilidade
As marcas Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) atestam que a produção de bovinos de corte em sistemas pecuários neutraliza ou reduz, respectivamente, a emissão do metano entérico.
A primeira, com introdução obrigatória de árvores no sistema de produção (ILPF ou silvipastoril), considera o carbono sequestrado e armazenado nos troncos e sua utilização como produtos de madeira com valor agregado.
A segunda produz animais cujas emissões de metano foram mitigadas pelo próprio processo produtivo, por meio da redução na idade do abate, da melhoria da dieta e do aumento do estoque de carbono no solo, resultante da adoção de boas práticas agropecuárias envolvendo recuperação e manejo sustentável das pastagens e sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP).
Como acessar os sistemas?
O Protocolo CBC deverá ser disponibilizado ao público na plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2024. Para aderir à certificação, a propriedade deverá, já na auditoria inicial, estar em conformidade com os 20 requisitos mínimos obrigatórios para sua implantação, de um total de 67, que serão requeridos progressivamente ao longo de auditorias bienais. O CCN está disponível nessa mesma plataforma desde 2020, à disposição dos pecuaristas interessados.