O queijo mineiro é uma paixão tradicional dos brasileiros e conquistou o alto escalão da cultura. E o jeitinho de fazer a mão o Queijo Minas Artesanal agora é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A candidatura do bem à lista representativa foi apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em março de 2023. A proposta foi analisada e aprovada nesta quarta-feira (4), durante a 19ª sessão do Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial do órgão em Assunção, no Paraguai.
Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
O Queijo Minas Artesanal é feito com técnicas ancestrais relacionadas à produção de queijo de leite cru, que se tornou uma importante atividade socioeconômica que promove inclusão e desenvolvimento local da agricultura familiar.
Esse saber-fazer envolve valores culturais, além de conhecimentos e métodos desenvolvidos por gerações ao longo de três séculos, tornando o Queijo Minas Artesanal um alimento referencial para a cultura nacional e a identidade local de grupos e indivíduos de diferentes regiões e paisagens de Minas Gerais.
“Este reconhecimento é uma maneira muito especial de preservar a nossa memória, a sabedoria do nosso povo. Agradeço a todos os envolvidos nesta conquista. Um grande viva às comunidades produtoras do queijo artesanal, este alimento que nos traz tantos saberes, memórias e a preservação da agricultura familiar. É a arte de preservar o nosso patrimônio”, afirma a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Visibilidade internacional
Desde 2008, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal são reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan, que é vinculado ao Ministério da Cultura.
O Iphan apresentou sua candidatura à lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco a partir de um requerimento da Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo) e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Apoiaram a candidatura o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Produção de Queijo Minas Artesanal
A produção do Queijo Minas Artesanal abrange 106 municípios de Minas Gerais. Em cada região, o queijo tem o sentimento de pertencimento dos indivíduos a suas comunidades de origem e o orgulho dos produtores pela qualidade do trabalho, que envolve desde o manejo do pasto e cuidado com o bem-estar dos animais até o preparo, zelo e a venda do queijo aos consumidores.
“O queijo não tem valor sem a parte humana, por isso, não é simplesmente o queijo minas que é patrimônio, mas sim os modos de fazê-lo. Por trás da história do queijo minas nós temos a história do Brasil e da agricultura familiar. “O reconhecimento significa um pacto de cuidado e de preservação deste bem cultural que tem mais de três séculos de existência. Vamos projetar este patrimônio para Minas Gerais, para o Brasil e para o mundo”, destacou o presidente do Iphan, Leandro Grass, que acompanhou a votação na reunião da Unesco, no Paraguai.
Patrimônios do Brasil para a humanidade
É a primeira vez que os modos de fazer um alimento brasileiro é eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
No Brasil, já são reconhecidos com esse título o Samba de Roda no Recôncavo Baiano; a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi; o Frevo: Expressão Artística do Carnaval de Recife; o Círio de Nossa Senhora de Nazaré; a Roda de Capoeira; e o Complexo Cultural do Bumba meu boi do Maranhão.
A inclusão de conhecimentos e práticas alimentares referenciais para a cultura nacional na Lista da Unesco reforça a relevância dos saberes tradicionais brasileiros e a possibilidade de conciliar patrimônio imaterial, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.