A alimentação do rebanho representa a maior parcela dos custos na produção de leite.
Produzir alimentos conservados durante o inverno é uma estratégia eficiente para reduzir despesas, garantindo aos animais uma fonte segura de energia e proteína.
Produção de leite e alimentação de rebanho

A silagem é um tipo de forragem úmida preservada em ambiente sem oxigênio, resultando em um alimento energético usado na suplementação de ruminantes, como bovinos e ovinos.
Espécies como aveia, cevada, triticale, trigo e centeio podem ser transformadas em silagem para suprir a alimentação dos animais em períodos de escassez de pasto ou em dias consecutivos de chuva que limitam o acesso aos piquetes.
Segundo Renato Fontaneli, pesquisador da Embrapa Trigo, é comum que o produtor associe a silagem ao milho, utilizado como fonte de energia. No entanto, com o aumento da competitividade da soja, sobra menos espaço para o cultivo de milho no verão.
Por outro lado, as áreas agrícolas no inverno muitas vezes ficam sem uso. Cultivar cereais de inverno e conservar parte do pasto em forma de silagem se apresenta como alternativa viável para garantir proteína ao rebanho, complementando o pastejo e a alimentação com ração.
- Calendário de semeadura: hortaliças ideais para plantio em maio
Cultivares forrageiras de inverno
Atualmente, a Embrapa oferece 15 cultivares forrageiras de inverno, com estudos que indicam ser possível atingir a marca de 20 litros de leite por vaca por dia, com manejo adequado.
O potencial produtivo dos cereais chega a cerca de 30.000 kg de matéria verde por hectare ou 10.000 kg/ha de matéria seca. Em termos de eficiência, 1 kg de matéria seca proveniente da silagem de trigo, cevada ou triticale pode resultar, respectivamente, em 1,1 kg, 1,2 kg ou 1,3 kg de leite.
Em propriedades familiares, a silagem geralmente compõe cerca de um terço da dieta de vacas com produção entre 20 e 30 litros de leite diários.
Uso da silagem de inverno na alimentação animal

Em sistemas de confinamento, a dieta pode conter até 40% de silagem, normalmente uma mistura de milho e cereais de inverno.
Quando o milho não está disponível, os cereais de inverno podem ser usados sozinhos, embora apresentem cerca de 10% menos energia que o milho. Em compensação, oferecem aproximadamente 25% a mais de proteína.
O momento da colheita é apontado pelo pesquisador como fator decisivo para a qualidade da silagem. A melhor janela de corte para os cereais de inverno vai do estágio de grão leitoso até a massa firme, ponto em que se busca a máxima energia líquida para lactação.
Portanto, a digestibilidade tende a diminuir conforme a planta amadurece, e ainda que os teores de proteína sejam maiores nas fases vegetativa e de emborrachamento, há perda na produção de matéria seca. Atrasos na colheita comprometem tanto o consumo quanto a digestibilidade e a produtividade leiteira.