A Embrapa desenvolveu um biorreator de compostagem que permite analisar de forma rápida e eficiente os processos de reciclagem do lixo orgânico, principal método para produção de fertilizantes biológicos. O equipamento tem capacidade de realizar testes rápidos em laboratório, permitindo saber o potencial da mistura de resíduos em questão de horas. O protótipo já foi validado e agora está disponível para parcerias com empresas interessadas.
Com apenas 1 kg de resíduos, é possível saber em poucas horas o potencial do material para os bioprocessos. O laudo obtido mostra a temperatura ideal para o processo de compostagem e a taxa de aeração necessária. Segundo os pesquisadores, mesmo os experimentos mais complexos podem ser avaliados em menos de dois meses.
De acordo com o pesquisador Caio Teves Inácio, líder do projeto, os biorreatores de bancada interligados desenvolvidos pela Embrapa Solos são capazes de ter 12 reatores em funcionamento ao mesmo tempo e em linha, com sensores de oxigênio e gás carbônico e controle de temperatura integrados.
Além disso, ele destaca que, com no máximo um volume de 50 litros de mistura de resíduo, é possível fazer um experimento completo, com combinações, tratamentos e repetições em menos tempo do que seria possível no campo.
Inácio ressalta ainda que a quantidade de resíduos produzidos na agricultura e na agroindústria aumenta junto com a produção desses setores. Por isso, é importante reutilizar esses resíduos para compostagem, por exemplo, tanto para proteger o meio ambiente quanto para gerar lucro para os produtores.
Os biorreatores de bancada são uma tecnologia importante nesse contexto, pois permitem um controle maior no desenvolvimento experimental e possibilitam pesquisar com mais segurança e rapidez temas como a degradação de agrotóxicos, perda de nitrogênio e eficiência do uso de inoculantes microbianos durante a compostagem.
Biorreator de compostagem pode favorecer produção de fertilizantes
A produção de fertilizantes orgânicos está em alta no Brasil e a tecnologia dos biorreatores de bancada pode trazer ganhos importantes para inovar nos processos de compostagem e, consequentemente, na produção desses fertilizantes.
Segundo o Anuário de 2022 da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), o setor de fertilizantes especiais, que inclui minerais especiais, organominerais e orgânicos, teve vendas de R$ 16,6 bilhões em 2021, com um crescimento de 65% em relação a 2020.
As vendas de fertilizantes orgânicos apresentaram a maior variação percentual, com um crescimento de 131%, seguidos pelos organominerais (68%) e minerais especiais (58%). Em termos de vendas, os fertilizantes minerais especiais lideraram com R$ 11,943 bilhões, seguidos pelos organominerais com R$ 3,298 bilhões e os orgânicos com R$ 1,419 bilhão em 2021.
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Dependência a mercado externos
O Brasil é o terceiro maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. No entanto, o país é fortemente dependente da importação de matéria-prima para a produção de fertilizantes, especialmente de potássio e fósforo, que são essenciais para a agricultura.
De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), em 2020, o país importou cerca de 70% do potássio e 90% do fósforo utilizados na produção de fertilizantes, o que pode tornar o país vulnerável a flutuações de preços e disponibilidade. Isso contribui para emissões de gases de efeito estufa e mudança climática, o que aumenta a demanda por alternativas mais sustentáveis e eficientes.
Dessa forma, os biorretatores de compostagem se mostram como um importante aliado para a independência da demanda brasileira dos insumos importados.