Pesquisadores da Embrapa validaram um sistema de consórcio entre soja e pastagens, que não prejudica a produtividade da oleaginosa e antecipa a produção de forragem para o gado no período da seca, em sistema de Integração lavoura-pecuária (ILP).
O sistema chamado de Antecipasto foi testado em propriedades rurais de Mato Grosso do Sul com bons resultados, com o apoio da Fundação Agricultura Sustentável (Agrisus) e da Jarbas Barbosa Agricultura e Pecuária (JBAPec).
Consórcio entre soja e pastagens
No Antecipasto, parte do período do plantio da forrageira acontece em cultivo consorciado na entrelinha da soja, antecipando a formação de pastagem, sem causar redução da produtividade de grãos da oleaginosa.
Pesquisadores veem oportunidades de validação do Antecipasto nos estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Roraima, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia.
Para os pecuaristas, a solução pode amenizar a falta de pasto na estação seca, o atraso no estabelecimento de pastagens e o insucesso na sua formação. Já para os agricultores, é uma possibilidade real para abrir novas áreas com sistemas integrados de produção, assim como aquisição de terras a valores acessíveis e potencial agrícola, além de melhorias nas condições do solo.
“É uma tecnologia que não compromete o rendimento de grãos da soja, intensifica a produção e antecipa a formação de pastagem e o pastejo”, define o pesquisador Luís Armando Zago, da Embrapa Agropecuária Oeste.
O sistema ainda é recomendado para os produtores rurais que já utilizam ILP, nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, e necessitam de produção de forragem na época mais crítica do ano: a estação seca/inverno, para alimentação animal.
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Vantagens do Sistema Antecipasto
- Não compromete o rendimento de grãos da soja;
- Antecipação da entrada de bovinos na área (entre 30-60 dias);
- Aumento no período de pastejo;
- Aumento da produção de carne (+3 a 5 arrobas por hectare);
- Redução de plantas daninhas: na soja e na pastagem;
- Menor risco na formação de pastagem: época que antecede a convencional;
- Não compete por área com o milho: últimos talhões do “circuito” de semeadura;
- Semeadura do capim em época menos tumultuada.
Pastagem x Soja
A escolha de capins com menor porte e crescimento inicial mais lento é proporcionar o desenvolvimento da soja sem problemas, opções como a BRS Tamani, Massai e BRS Paiaguás, cultivares desenvolvidas pela Embrapa Gado de Corte (MS).
Nos experimentos conduzidos, o Panicum maximum cv. BRS Tamani foi o mais adequado, com desenvolvimento e crescimento paralisado por falta de luz logo após o fechamento das entrelinhas pela soja, retomando o crescimento quando o processo de amarelecimento das folhas da planta é intensificado e quando elas começam a cair.
Para as cultivares de soja, as precoces costumam ter crescimento vegetativo vigoroso e fechamento rápido das entrelinhas, impedindo o desenvolvimento acentuado do capim. No planejamento do sistema, a soja é semeada e, posteriormente, a forrageira na entrelinha de 14 a 21 dias após a emergência da oleaginosa.
A semeadura do capim deve estar alinhado ao clima, sendo recomendado observar o espaçamento das entrelinhas do grão, de 50 cm a 60 cm, para possibilitar o plantio da forrageira com semeadora leve acoplada ao terceiro ponto do trator, equipado com rodas finas.
“É necessária uma semeadora específica para grãos miúdos ligada ao terceiro ponto do trator. Na falta desse implemento, montar uma semeadora é relativamente simples. É preciso um chassi de plantadeira, caixa para sementes miúdas e linhas de plantio”, recomenda Zago.