Após 10 anos de redução da área plantada, o arroz e o feijão, principais culturas do prato brasileiro e que garantem a segurança alimentar, vão registrar recuperação de plantio, é o que aponta a 11ª edição das Perspectivas para a Agropecuária – Safra 2023/24, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a entidade, os agricultores deverão destinar maior área para semeadura de arroz e feijão, por conta da retomada de políticas públicas brasileiras como o Plano Safra, compras públicas e garantia de preços mínimos.
Área plantada, produção e produtividade de arroz
Para o arroz, o incremento na área plantada é influenciado tanto pela expectativa de melhora no cenário de preços, que aliada a uma redução de custos traz uma perspectiva de melhor rentabilidade para agricultores, o que deverá refletir em recuperação de parte das áreas perdidas da última safra.
Com os impactos que podem ser provocados pelo El Niño, com maior intensidade de chuvas, principalmente no Sul do Brasil que são os grandes produtores da cultura, deve reduzir área de soja em áreas baixas e, com isso, o produtor tenderá a priorizar o arroz, que é mais resistente à inundação.
A estimativa da companhia para a safra 2023/2024 é de uma área plantada de 1,62 milhão de hectares, alta de 10,2% com relação a 2022/2023. A produção deve ficar em 11,3 milhões de toneladas, aumento de 12,8% e produtividade de 6.946 kg/ha, crescimento de 2,4% comparado ao último ciclo.
Apesar da projeção de aumento da safra brasileira de arroz 2023/24, a manutenção do consumo e do superávit da balança comercial do arroz devem resultar em estoque de passagem próximo da estabilidade, o que deverá dar sustentação às cotações do grão ao longo de 2024.
No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, a expectativa é de expansão de 12,1% da área, sendo estimado um cultivo de 966,9 mil hectares de arroz no estado, com a melhora do cenário de rentabilidade do setor.
Área plantada, produção e produtividade de feijão
A área plantada de feijão seguiu uma trajetória de queda desde a safra 2016/17, quando houve forte quebra de safra, mas agora na safra 2023/24, a expectativa é crescer a área semeada, que pode ser explicada pela expectativa de melhor rentabilidade diante de culturas como soja e milho, pelo retorno mais rápido do investimento por conta do ciclo mais curto, entre outros fatores.
É esperada uma área plantada para a safra 2023/2024 de feijão total, considerando as três safras que o Brasil produz ao longo do ano, de 2,7 milhões de hectares, alta de 1,9% com relação a 2022/2023.
Ma o aumento da área plantada não será acompanhado de uma melhora produtiva, porque a previsão é de queda na produtividade média das lavouras brasileiras, por conta da probabilidade de ocorrência de El Niño, que pode diminuir a ocorrência de chuvas na Região Nordeste, e riscos de excesso de chuvas no Sul do país, durante os períodos de colheitas.
Apesar da tendência de redução de 4,2% da produtividade da leguminosa chegando a 1.081 kg/ha, a maior área plantada sustenta a produção nacional próxima de 3 milhões de toneladas, baixa de 2,4%, o que garante o abastecimento.