A partir da próxima safra, o zoneamento climático para a soja vai incorporar um novo critério de análise, o uso de boas práticas no manejo do solo que favorecem a retenção de água pelas plantas.
A novidade será testada inicialmente no Paraná, por meio de um projeto-piloto desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com a Embrapa.
Zoneamento climático para a soja

A iniciativa, chamada Zarc Níveis de Manejo (ZarcNM), permitirá que produtores participantes recebam percentuais diferenciados de subvenção no seguro rural, de acordo com o tipo de manejo implementado na propriedade
As novas diretrizes foram estabelecidas pela Instrução Normativa nº 2/2025, publicada em 9 de julho, após aprovação pela Resolução nº 107 do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural. Para esta fase inicial, estão previstos R$ 8 milhões em recursos.
Diego Melo de Almeida, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Mapa, destaca que a proposta representa um avanço no modelo tradicional do Zarc.
“Esse é um caminho que nós temos perseguido com a Embrapa há, no mínimo, dois anos. A safra de verão será o pontapé inicial, mas esperamos seguir no aprimoramento da metodologia e ampliar o alcance e a alocação de recursos para as próximas safras”, afirma.
O pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, ressalta a importância dessa mudança diante dos períodos cada vez mais frequentes de escassez de água, pois com base nele, “o ZarcNM evidencia a redução de risco por meio de uma estratégia de manejo bem conduzida, uma informação fundamental para o produtor, para as atividades de planejamento agrícola e para o seguro rural”,
Ele observa que a adoção de práticas conservacionistas, como cobertura permanente do solo e uso de culturas de cobertura. favorece a infiltração da água e reduz perdas por escoamento superficial, sobretudo em períodos de chuva intensa. Isso garante maior disponibilidade hídrica às plantas ao longo do ciclo produtivo.
Modelo do ZarcNM

O modelo do ZarcNM classifica as áreas em quatro categorias, com base em seis indicadores distintos. Os percentuais de subvenção variam de acordo com o nível, sendo de 20% para o Nível de Manejo 1 (NM1), 25% para NM2, 30% para NM3 e 35% para NM4. Atualmente, o subsídio padrão do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) para a soja é de 20%.
A metodologia foi validada com base em análises realizadas em 62 propriedades no Paraná e em mais de 200 áreas no Mato Grosso do Sul. Segundo Farias, o NM2 reflete a média atual das práticas observadas nessas regiões.
Já os níveis superiores (NM3 e NM4) exigem melhorias significativas nos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo. Com isso, elevam o potencial de retenção de água e reduzem os impactos negativos da seca.
Em contraste, áreas classificadas como NM1 apresentam deficiências nos atributos do solo e, portanto, maior risco de perdas.
Ele conclui que a incorporação dos níveis de manejo ao Zarc ajuda a delimitar com maior precisão as áreas de menor risco climático para o cultivo da soja. Além da textura do solo, o novo modelo leva em conta o grau de adoção de práticas de manejo, ampliando a eficiência do zoneamento climático no país.