O Brasil é o maior produtor e consumidor de insumos biológicos para a agricultura no mundo, por conta da sua área cultivada, das safras constantes nessas lavouras e das condições climáticas. Toda essa produção é dependente do controle de doenças, pragas e ervas daninhas, que nos últimos anos, o mercado de bioinsumos tem se mostrado eficiente nessa função.
Segundo artigo dos pesquisadores Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente e de Flávio H. V. de Medeiros da Universidade Federal de Lavras (UFLA), o uso de bioinsumos na agricultura vem evoluindo nos últimos anos e hoje, a área sob controle biológico no Brasil deve ser superior a 70 milhões de hectares.
Origem do uso de insumos biológicos
De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os insumos biológicos são produtos desenvolvidos a partir de enzimas, extratos de plantas ou de microrganismos ou macrorganismos, para o controle biológico na agricultura.
O combate dessas variantes da agricultura no campo com produtos biológicos acontece há mais de 60 anos, mas já teriam influência dos primórdios dos plantios orgânicos e de subsistência.
“O uso do fungo Metarhizium anisopliae para controle de cigarrinha em cana-de-açúcar e estirpes fracas do vírus da tristeza dos citros na década de 1960, e de Baculovirus para o controle de lagarta da soja na década de 1970, são exemplos importantes. Na mesma década, o controle da broca-da-cana-de-açúcar por meio do uso da vespinha Cotesia flavipes se tornou uma estratégia de manejo padrão em todo o país”, aponta o trecho do artigo.
A eficiência dessas estratégias acontece graças aos constantes investimentos em pesquisas de biológicos para controle de pragas e doenças nas décadas seguintes.
Mercado de Insumos biológicos
A partir dos anos 2000, segundo os pesquisadores, o cenário do mercado totalmente dominado por defensivos químicos mudou, quando as empresas de produtos biológicos passaram a ter que registrá-los na legislação dos agrotóxicos.
Mas com o tempo, o governo percebeu a necessidade de criar um método de registro de biológicos, que aconteceu para uso na agricultura orgânica.
As empresas podem explorar cepas registradas com autorização, o que impulsionou o mercado de biológicos. Além disso, a agenda global por sustentabilidade e os estudos sobre problemas do uso dos defensivos químicos, estimulou a cadeia produtiva e consumidora, com a alteração da lei para priorizar o registro de bioprodutos.
O número de produtos biológicos registrados no Brasil passou de 1 em 2005, para 482 em fevereiro de 2023. Para cada doença de planta relevante, como por exemplo a ferrugem asiática da soja, a ferrugem do cafeeiro e o mofo-branco, já existe pelo menos um produto de biocontrole registrado.
Uso de biológicos na agricultura brasileira
Dados de 2022 da Spark Inteligência Estratégica mostram que, as maiores áreas que fazem o controle biológico no Brasil foram soja com cerca de 20 milhões de hectares; seguida pelo milho com 9,8 milhões de hectares; a cana-de-açúcar com 6,6 milhões de hectares. Na sequência aparece o café (0,4 milhão de ha) e outras culturas (4,1 milhões de ha).
Para o controle de nematoides, os produtos biológicos representaram na safra 2021/2022, 55%, 94% e 100% do mercado de nematicidas vendidos para cana-de-açúcar, soja e milho, respectivamente.
“Além disso, alguns dos produtos registrados para controle de nematoides, particularmente aqueles que possuem uma capacidade intrínseca de proteção de raízes, também protegem contra infecções radiculares por fungos de solo, como os causados por Fusarium”, descreve os pesquisadores.
Expansão do mercado de biológicos
Para os pesquisadores, o crescimento do controle biológico no Brasil passa por quatro estratégias: o desenvolvimento de bioherbicidas; o controle da ferrugem asiática da soja, da folha do café e do oídio em várias culturas só com agentes de controle biológico e/ou combinados com outras abordagens como cultivares resistentes e práticas de manejo de culturas.
Além disso, é preciso selecionar agentes de biocontrole adaptados ao clima tropical e sendo capazes de lidar com as mudanças climáticas; e treinar todos os envolvidos nas cadeias produtivas em controle biológico de doenças, pragas e plantas daninhas.
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