A coleta do jatobá na Ilha do Bananal representa uma importante atividade econômica e cultural para a região do Tocantins, além de ser uma oportunidade de aproveitar os benefícios nutricionais e medicinais desse fruto tão especial.
Além disso, o jatobá também possui outras partes aproveitáveis, como casca, que pode ser utilizada na produção de chás e extratos medicinais, e a madeira, que é utilizada na construção civil e na fabricação de móveis.
Com as chuvas inesperadas neste mês de agosto, os frutos do jatobazeiro caíram em abundância, o que geralmente ocorre entre os meses de setembro e novembro. Desta forma, a coleta já começou.
Neste início de setembro, brigadistas da Unidade de Conservação (UC), produtores rurais do P.A. Onalício Barros e da Associação de Mulheres Agroextrativistas (AMA) Cantão e voluntários da Associação Onça D’Água deram início a coleta dos frutos que serão destaque na “farinhada”, evento que será realizado na região no próximo mês de outubro.
Apoio ao Agroextrativismo
Práticas como a coleta do jatobá na APA Ilha do Bananal/Cantão estão sendo apoiadas através do Projeto Rede de Iniciativas Produtivas Sustentáveis em Áreas de Proteção Ambiental no Tocantins, realizado pela Associação Onça D’água, que conta com apoio do PPP-ECOS/ISPN/FUNDO AMAZÔNIA.
A Associação Onça D’Água é uma entidade formada por voluntários que tem o objetivo de fortalecer e otimizar a gestão das APAs do Tocantins, eles atuam principalmente em quatro regiões do Estado e a coleta é feita pelas comunidades tradicionais e rurais dessas regiões, o que pode dificultar o controle dos dados.
Curiosidades
Também conhecido como jatobazeiro, jataí, farinheira, imbiúva, entre outras variações, o jatobá é um fruto nativo do cerrado, mas também pode ser encontrado facilmente em diversas regiões do Brasil, com diferentes biomas, como Pantanal, Mata Atlântica e Amazônia. Ele representa uma fonte de alimento para diversas espécies da fauna silvestre, como primatas (Sapajus spp), antas (Tapirus terrestris), araras (Ara spp.), entre outros.
Outra curiosidade envolvendo a interação entre o fruto e os animais é que as formigas (Attini) facilitam a germinação ao limparem as sementes, e as flores do fruto atraem morcegos e mariposas.
Além disso, comunidades rurais utilizam o fruto de forma sustentável, incorporadas à sua alimentação ou atendendo demandas do comércio local e regional, sendo inclusive incorporado em programas de alimentação escolar. E com extenso currículo, o jatobá ainda é indicado no reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.
Usos do Jatobá
Amplamente utilizado no processamento de alimentos devido ao seu valor nutricional, rico em minerais e fibras, o jatobá é protagonista no enriquecimento de bolos, pães, biscoitos, vitaminas, sorvetes e outras receitas. A casca e a resina são empregadas na medicina popular e apresentam atividade antimicrobiana.
- Semente: O fruto do jatobá é composto por sementes ricas em cálcio, fósforo, ferro, potássio, magnésio e vitamina C. É das sementes que é tirada a farinha, rica em amido muito utilizada em receitas.
- Casca: Uso medicinal por populações de onde a árvore é nativa, tendo ação adstringente, antibacteriana, antiespasmódica, antifúngica, antiinflamatória, antioxidante, descongestionante, diurética, estimulante, estomáquica, expectorante, fortificante, entre outras. Com diversas propriedades, o chá da casca do jatobá é recomendado para tratamento de problemas respiratórios, como asma, bronquite e rinite, problemas gastrointestinais, como úlceras, gastrite, azia, refluxo e para problemas urinários, como cistites e retenção hídrica.
- Resina: A resina do jatobá, ou copal, como é mais conhecido, é usada como incenso e na indústria de vernizes.
Ilha do Bananal
Situada na região meso oeste do Tocantins, na divisa entre os estados do Pará, Mato Grosso e Goiás, o arquipélago é considerado o maior do mundo e sua área abrange aproximadamente 20.000 quilômetros, equivalente ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro, contornada pelos Rios Araguaia e Javaés.
Nela habitam aproximadamente 5 mil índios das etnias javaé e Karajá, e abriga uma grande quantidade de ecossistemas, incluindo florestas tropicais, área alagadas e savanas, além dos parques: Nacional do Araguaia do Paraguaia e Cantão.