O uso de culturas de cobertura e adubação verde com pastagem pode reduzir a dependência de fertilizantes minerais nitrogenados, aumentar a rentabilidade agrícola e mitigar as mudanças climáticas.
É o que constatou um estudo entre pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que lideram uma iniciativa inovadora no Cerrado brasileiro.
Consórcio de adubação verde e pastagem
O projeto é financiado por entidades como Embrapa, FIALGO, FUNDEAGRO-Bahia, AGRISUS, CNPq e CAPES.
A pesquisa destaca a capacidade das plantas de cobertura de enraizar profundamente e mobilizar nutrientes das camadas inferiores do solo, melhorando a a nutrição de culturas subsequentes, como milho, algodão e feijão, e racionaliza o uso de fertilizantes minerais, reduzindo a pegada de carbono dos produtores.
O estudo aponta que plantas como a braquiária (do gênero botânico Urochloa), consorciada ou não com feijão-de-porco, podem aportar até 150 kg/hectare de nitrogênio e 120 kg/ha de potássio durante a semeadura da cultura de verão.
Além da braquiária (Urochloa ruziziensis), outras culturas são utilizadas na formação de palha, essencial para sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Essas práticas ajudam as culturas a se adaptarem às altas temperaturas e protegem o solo contra erosão, aumentando a infiltração de água e a retenção de umidade.
Adubação verde
Os adubos verdes, como as leguminosas crotalária, são fundamentais para a produção de grande massa de matéria seca e captura eficiente de carbono e nitrogênio atmosférico.
A seleção adequada das plantas de cobertura deve considerar fatores como compactação do solo e necessidades das culturas subsequentes.
“Plantas como braquiária e crotalária capturam e armazenam carbono no solo, reduzindo CO₂ na atmosfera e diminuindo a necessidade de fertilizantes minerais, contribuindo para a redução da emissão de óxidos de nitrogênio em áreas agrícolas intensivas. Além disso, favorecem a diversidade biológica do solo e melhoram sua saúde”, explica Mellissa Soler, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, agrônoma e doutora em ciência do solo e água.
A adoção de culturas de cobertura e adubação verde no Cerrado brasileiro representa uma tecnologia simples, mas significativa, na agricultura sustentável.
Produtividade
Reduzindo a dependência de fertilizantes minerais e melhorando a saúde do solo, essas práticas aumentam a produtividade agrícola e desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
A pesquisa demonstra a possibilidade de alinhar a produção agrícola com a conservação ambiental, promovendo um futuro mais sustentável para o Cerrado e a agricultura brasileira.