O Sistema Diamantino se baseia na correção da acidez e fertilidade do solo, e plantio consorciado de sorgo biomassa com forrageiras perenes, o que contribui para a renovação de pastagens degradadas.
A pesquisa é da Embrapa Agropecuária Oeste em parceria com da Latina Seeds permite mais colheitas e com isso, maior volume de forragem para silagem. O sistema passou por quatro anos de estruturação, desenvolvimento e validação científica em campo e foi lançado agora em novembro.
Sistema Diamantino renova pastagens em consórcio com sorgo
No estudo, a Embrapa Agropecuária Oeste utilizou o Sorgão Gigante, da Latina Seeds, consorciado com os capins BRS Zuri (Panicum) e Marandu (Braquiária).
O sistema permite uma ou duas colheitas, gerando um volume significativo de forragem para produção de silagem, que pode ser utilizada para alimentação animal na propriedade ou comercialização. Após a colheita, entre 45 e 60 dias, a pastagem estará renovada, com alto potencial de lotação e produtividade.
Segundo o diretor-executivo da Latina Seeds, Willian Sawa, a tecnologia transforma pastagens degradadas em produtivas, com o sistema que combina produtividade e retorno econômico, uma alternativa que dispensa a expansão de áreas ou conversão para lavoura. Para ele, trata-se de um modelo da pecuária para a pecuária.
Implantação
Segundo o engenheiro agrônomo e analista da Embrapa, Gessí Ceccon, o Sistema Diamantino deve ser implantado no início do período chuvoso, conforme descrito na Circular Técnica 56, além de outras importantes orientações para utilização da tecnologia.
Os resultados da pesquisa estão apresentados na Circular Técnica 56, intitulada: “Sistema Diamantino para produção de silagem e renovação de pastagem”.
“O diferencial do Sistema Diamantino está na grande produção de forragem para o período da seca, conjugado com a renovação da pastagem. A expectativa é de que seja adotado em áreas de pastos degradados, tornando-os novamente produtivos, permitindo intensificar a produção pecuária”, explica a pesquisadora da Embrapa Agropecuária Oeste, Marciana Retore.
Experimentos
Os experimentos para desenvolver o modelo foram conduzidos na área experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS, e em propriedades privadas parceiras: o Sítio Cantinho do Céu, em Jateí, e o Sítio Tropical, em Vicentina, ambos em Mato Grosso do Sul.
Caso de sucesso
O Sistema Diamantino foi aplicado na propriedade do pecuarista Héder Simões da Silva, do Sítio Cantinho do Céu, em Jateí-MS. Em 2021, o produtor enfrentava dificuldades em sua pecuária leiteira como: solo arenoso, baixo conhecimento sobre cultivo, áreas com pastagens degradadas, estiagem severa e baixo preço do leite, tornando inviável a continuidade da atividade.
A equipe da Embrapa falou do experimento com o Sorgão Gigante consorciado com os capins BRS Zuri (Panicum) e Marandu (Braquiária). Héder destinou 2,4 hectares para o experimento e o cenário mudou completamente.
“Nesta área, minha produtividade saiu de uma média de 7,4 litros/vaca/dia para algo na casa de 13 litros/vaca/dia. Quase dobrou”. Além disso, o experimento rendeu comida para alimentar a vacada nos meses secos”, comemora Héder.
Números da Embrapa indicam que o consórcio do Sorgão Gigante da Latina Seeds com os capins entregou silagem na ordem de 21,1 toneladas/hectare de matéria seca no primeiro corte, realizado no final do verão de 2022. Tudo isso apesar de um longo período de estresse hídrico por falta de chuva.
Dois anos depois, a área renovada permanece firme, com pastos vigorosos, piqueteados e pastejados em rotação. Tudo constatado em visita técnica da Embrapa e Latina Seeds, realizada no dia 10 de janeiro de 2024.
O Sítio Cantinho do Céu provavelmente será uma das vitrines de lançamento do “Sistema Diamantino”, tecnologia que promete injetar ânimo e acelerar o processo de recuperação de áreas degradadas no Brasil, um dos grandes desafios do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ao qual a Embrapa é vinculada.
Implantação possui baixo investimento e alto nível de sustentabilidade, sinalizando com rápido retorno/renda para o produtor (boa produção de silagem em um período curto, de até oito meses).