Previsão do meteorologistas indica um aquecimento significativo das águas da bacia do Pacífico durante o inverno, dando condições de formação do fenômeno El Niño pelo Brasil já nos próximos meses, entre junho, julho e agosto, com probabilidade que chega a 75%.
Os dados foram divulgados pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) com base em levantamento do NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) dos Estados Unidos.
No Brasil, o fenômeno aumenta o risco de seca na faixa norte das regiões Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul do país.
Isso ocorre porque a água da superfície do Pacífico, que está muito mais quente do que o normal, evapora com mais facilidade. Ou seja, o ar quente sobe para a atmosfera mais alta, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.
No meio do Oceano Pacífico, chove muito e com frequência durante o El Niño. Durante as chuvas, esse mesmo ar quente, agora mais seco, continua circulando e, dessa vez, desce no norte da América do Sul, inibindo a formação de nuvens e, consequentemente, a dminuição da ocorrência de chuvas, nos meses de outono e verão, em parte do Norte e Nordeste do Brasil. nos meses de outono e verão.
Afinal, o ar que provoca a formação de nuvens é aquele que sobe da superfície terrestre para a atmosfera e não o contrário.
Já na Região Sul, o El Niño aumenta a possibilidade de chuvas acima da média, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país.
Isso faz com que as frentes frias fiquem concentradas por mais tempo na Região Sul do Brasil, e causando excessos de chuva nos meses de inverno e primavera.
Enquanto no Sudeste e Centro-Oeste, não existem evidências de efeitos no padrão característico das chuvas. No inverno, existe uma tendência de aumento moderado das temperaturas médias na parte central do país.
El Niño: entenda o fenômeno climático
O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial.
Durante o fenômeno, que normalmente começa a se formar no segundo semestre do ano, as águas ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um longo período de tempo de no mínimo, seis meses.
Na formação do El Niño, o comportamento dos ventos alísios tem papel fundamental. Os alísios são ventos constantes vindos dos Hemisférios Sul e Norte, que se encontram na região da Linha do Equador e seguem do leste para o oeste do planeta Terra.
O movimento dos ventos interfere no Oceano Pacífico e empurra as águas da superfície para o oeste, permitindo que as mais profundas e frias subam. No entanto, quando os ventos alísios estão enfraquecidos ou invertem a direção, essa troca de águas não ocorre e as mais quentes permanecem por mais tempo paradas na superfície, podendo chegar até 3°C ou mais acima da média, formando, assim, o El Niño.
Intensidade e duração do fenômeno
Ainda há incerteza em relação à intensidade do fenômeno, que pode variar de moderado a forte. Vale lembrar que ele não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais.