O início da safra agrícola 2023/2024 será influenciado pela fase quente do El Niño Oscilação Sul (ENOS). O fenômeno pode alterar as condições climáticas e por conta disso, impactar a produção agrícola brasileira.
No Brasil, em anos de El Niño, uma corrente de ventos que sopra do oeste para leste, se intensifica bloqueando as frentes frias sobre a Região Sul do país e causando excessos de chuva nos meses de inverno e primavera. No Norte e Nordeste, há uma diminuição das chuvas nos meses de outono e verão, enquanto no Sudeste e Centro-Oeste, não existem efeitos característicos das chuvas.
Impactos do El Niño na safra 2023/2024
Em anos de El Niño, é comum o aumento de chuva no centro-sul do Brasil, o que tende a beneficiar as culturas de grãos, como a soja e o milho primeira safra. No entanto, o excesso de chuva na Região Sul pode aumentar a umidade e a severidade de doenças em plantas, exigindo maior monitoramento e cuidados com manejo das culturas.
Já em áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a redução dos níveis de água no solo pode resultar em perdas significativas de produtividade. No Brasil Central, a irregularidade da chuva também pode dificultar o manejo agrícola e afetar a produtividade.
Nem todo evento do El Niño leva a impactos típicos, e variações significativas podem ser observadas. Essas variações dependem da configuração e intensidade específicas de cada fenômeno El Niño, bem como de uma série de fatores locais e regionais.
Fase atual do El Niño
O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado pela interação entre a atmosfera e o oceano, no Pacífico Equatorial, e possui duas fases distintas: o El Niño (fase quente), associada ao aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, e a La Niña (fase fria), vinculada ao resfriamento dessas águas. Ambas as fases têm o potencial de influenciar significativamente nos padrões climáticos ao redor do mundo.
Depois de quase três anos sob as condições do fenômeno La Niña, que perduraram até março deste ano, o panorama climático mudou drasticamente. As águas do Pacífico Equatorial aqueceram rapidamente nos meses subsequentes, e, em junho, foi oficialmente confirmado o início das condições do El Niño.
Desde então, a intensidade tem variado de fraca a moderada, com anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) oscilando entre 0,9°C e 1,3°C até o mês de agosto. No entanto, em setembro/outubro, as anomalias de TSM apresentaram valores em torno de 1,5°C, indicando uma possível evolução para uma classificação mais intensa do fenômeno. Contudo, para consolidar essa classificação, é essencial que as temperaturas se sustentem nesse patamar elevado nos próximos meses.
Entenda quais os impactos do El Niño.