Estudos recentes da Embrapa identificaram que a castanha-do-brasil pode se tornar uma nova fonte estratégica de proteínas para a indústria de alimentos à base de plantas.
A partir do processamento da oleaginosa, pesquisadores desenvolveram farinha parcialmente desengordurada, concentrado proteico e proteína texturizada, todos com alto teor de proteína e desempenho positivo em testes sensoriais.
Castanha-do-brasil

Os primeiros resultados mostram que a farinha obtida após a retirada parcial do óleo possui um teor proteico significativamente superior ao da farinha de trigo.
A tecnologia foi aplicada na formulação de hambúrgueres, quibes e na produção de proteína texturizada, que apresentaram boa aceitação quanto ao sabor, textura e aparência. Segundo a Embrapa, os processos já estão maduros para serem escalonados comercialmente.
A pesquisadora Ana Vânia Carvalho destaca que a busca por novos ingredientes de origem nacional tem impulsionado pesquisas ligadas à biodiversidade brasileira, abrindo espaço para alternativas sustentáveis e agregadoras de renda. O estudo integra o Programa Biomas do The Good Food Institute (GFI) Brasil, apoiado pelo Fundo JBS pela Amazônia.
Os produtos foram desenvolvidos no Laboratório de Agroindústria da Embrapa Amazônia Oriental (PA). A equipe iniciou o trabalho mapeando em detalhe a composição da castanha-do-brasil, que reúne cerca de 15% de proteínas, 67% de lipídios e elevado valor energético. Esse perfil reforçou o potencial da matéria-prima para aplicações no mercado de proteínas alternativas.
Do resíduo ao ingrediente funcional

A pesquisa utilizou a torta resultante da extração do óleo da castanha, processo amplamente utilizado pela indústria cosmética, e também castanhas quebradas ou fora do padrão de comercialização. A partir desse material, foi possível desenvolver ingredientes com maior valor agregado e menor desperdício.
Após a retirada parcial do óleo, o teor proteico saltou para 32,4% na farinha, valor mais que o dobro do observado na castanha in natura. Comparativamente, enquanto 100 gramas de farinha de trigo integral possuem cerca de 13 gramas de proteína, a farinha derivada da castanha chega a quase 33 gramas.
Além disso, o produto serviu de base para o concentrado proteico, que alcançou teor de até 56% de proteína. Ambos foram utilizados em formulações alimentícias desenvolvidas pelos pesquisadores. A proteína texturizada, por sua vez, foi obtida combinando o concentrado da castanha com proteína de soja.
Segundo a Embrapa, os ingredientes revelaram propriedades funcionais adequadas para diferentes aplicações e são naturalmente ricos em selênio, mineral característico da castanha-do-brasil.







