O período de férias escolares representa uma pausa importante na rotina das crianças, mas também uma oportunidade para que elas se reconectem com o essencial, o tempo livre, o brincar espontâneo e o contato com a natureza.
Em meio ao excesso de telas e estímulos digitais, cada vez mais presente na infância urbana, especialistas reforçam os benefícios que ambientes naturais podem oferecer à saúde mental e ao desenvolvimento integral dos pequenos.
Férias escolares

Segundo a psicanalista e psicopedagoga clínica e institucional Elizângela Maranhão, estar ao ar livre favorece um alívio emocional profundo.
“Em meio ao verde, ao vento, à terra, elas respiram melhor, no corpo e na alma. Emoções se organizam, angústias se diluem, e a espontaneidade ganha espaço”, disse em entrevista ao Portal Agro.
Do ponto de vista cognitivo, ela explica que a natureza desperta habilidades importantes, ” pois e atenção plena, a curiosidade investigativa e o pensamento simbólico são fortemente estimulados nesse tipo de vivência”.
Durante as férias, a liberdade de tempo permite que o brincar ganhe formas mais livres e criativas. Para Elizângela, esse é um ponto essencial para o desenvolvimento da autonomia.
“Estar ao ar livre permite que a criança entre em contato com o ‘brincar livre’, aquele em que ela inventa as regras, cria histórias e transforma galhos em varinhas mágicas, pedras em panelinhas e árvores em castelos. É nesse tipo de brincadeira que a criatividade floresce”, explica. “Além disso, ao explorar o mundo natural sem um roteiro rígido, ela se percebe capaz de fazer escolhas, lidar com desafios e até se orientar em pequenos trajetos, o que alimenta a autonomia e a autoconfiança”, destacou.
Tédio criativ

Um dos conceitos destacados por Elizângela é o chamado “tédio criativo”. Longe da tecnologia e da superestimulação digital, a criança precisa ativar recursos internos para se entreter, o que pode ser extremamente saudável.
Além disso, as viagens para o campo também são apontadas como experiências valiosas, especialmente para crianças que vivem em áreas urbanas.
“O meio rural oferece à criança urbana uma experiência de desaceleração, de contato com ciclos mais naturais da vida, como o nascer do sol, o ritmo dos animais, o cuidado com a terra. Esses momentos ampliam a noção de pertencimento ao mundo, despertam empatia, gratidão e consciência ecológica”, afirma. “Além disso, visitar o campo ativa a sensorialidade: cheiros, texturas, sons e silêncios que nutrem emocionalmente. Para muitas crianças, é uma oportunidade rara de reencontro com o essencial.”
A natureza, portanto, não é apenas um cenário para as férias. É uma aliada no processo de crescimento, aprendizagem e equilíbrio emocional.