É possível melhorar, em média, em 22% a produtividade das pastagens com braquiárias ao utilizar um bioinsumo que combina dois microrganismos com diversas funções benéficas.
Conforme a Embrapa, essa inovação será apresentada pelo pesquisador Marco Antonio Nogueira, da Embrapa Soja, durante a Dinapec, evento que acontecerá de 24 a 26 de março em Campo Grande (MS).
Segundo Nogueira, além de impulsionar a produção de biomassa, essa tecnologia também favorece a maior absorção de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) pelas pastagens.
Inoculante na produtividade de pastagens

Através de uma parceria público-privada entre a Embrapa e a empresa Biotrop, foi desenvolvido um inoculante contendo esses microrganismos multifuncionais. O bioinsumo é composto por um conjunto de três produtos: Biopasto PK (com a cepa CNPSo 2719 de Pseudomonas fluorescens), Pastomax N (que contém as cepas CNPSo 2083 e CNPSo 2084 de Azospirillum brasilense) e Biopasto Protege, um aditivo protetor que ajuda a proteger as bactérias da desidratação e da exposição ao sol durante a aplicação.
Nogueira explica que, no caso do Azospirillum brasilense, os principais benefícios são a produção de fitormônios, que estimulam o crescimento das raízes em até três vezes, e a modesta fixação biológica de nitrogênio.
Com base nele, a tecnologia foi desenvolvida para aproveitar a sinergia entre os microrganismos, permitindo sua aplicação tanto no estabelecimento das pastagens quanto em pastagens já consolidadas.
Recuperação das pastagens

No Brasil, as pastagens ocupam 180 milhões de hectares, sendo 120 milhões cultivadas, com 86 milhões de hectares de braquiárias.
Segundo dados da Embrapa, cerca de 70% das pastagens brasileiras estão em algum grau de degradação e produzem abaixo de seu potencial.
“Portanto, é possível usar o potencial dos microrganismos para incrementar a eficiência de uso dos fertilizantes aplicados nas pastagens”, destaca Nogueira. Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa, aproximadamente, 80% do N-P-K que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes promove grande impacto positivo, não apenas econômico, mas também ambiental, pela diminuição da emissão de gases de efeito estufa”, conclui o pesquisador.