O maracujá-da-caatinga (Passiflora cincinnata) é uma fruta nativa do bioma Caatinga que tem despertado interesse como potencial matéria-prima para novos produtos de valor agregado.
Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Semiárido estão explorando a possibilidade de criar uma bebida fermentada gaseificada, com características semelhantes a um vinho espumante, utilizando a polpa dessa fruta.
O estudo sugere que essa inovação pode contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar e impulsionar a economia de regiões do Semiárido.
Maracujá-da-caatinga

Aline Biasoto, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, ressalta que, além de ser resistente à seca e doenças, o maracujá-da-caatinga tem um ciclo de colheita que ocorre em períodos alternativos ao do maracujá comum. Sua polpa oferece um sabor exótico e possui qualidades nutricionais elevadas, mas ainda é pouco explorada comercialmente, limitando-se a produtos processados, como geleias e licores.
Nos últimos anos, o mercado de bebidas fermentadas de frutas tem crescido no Brasil, impulsionado pela popularidade de vinhos e espumantes e pela crescente demanda por opções exóticas e provenientes da biodiversidade nacional.
Além disso, a pesquisa da Embrapa sugere que o maracujá-da-caatinga pode ser uma excelente escolha para esse segmento, oferecendo uma alternativa inovadora para os produtores locais.
O processo de fermentação foi desenvolvido em escala piloto utilizando o método tradicional de vinificação, que é empregado na produção de espumantes de alta qualidade, como o Champagne. A técnica envolve duas etapas de fermentação, que são responsáveis pela formação das bolhas naturais.
Quanto à cultivar de maracujá-da-caatinga, a BRS Sertão Forte, lançada pela Embrapa Semiárido em 2016, é indicada como uma alternativa comercial para a região. Ela foi desenvolvida para ser uma opção mais produtiva, com frutos maiores e maior rendimento, sendo indicada para estados como Bahia, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais. A variedade se destaca também pela resistência à seca, qualidade genética das sementes e mudas, além de ser promissora para o processamento agroindustrial.
Preservação do bioma

Além de gerar impacto econômico, o cultivo responsável do maracujá-da-caatinga pode ajudar na preservação do bioma, incentivando práticas sustentáveis de manejo e uso dos recursos naturais.
A medida que a demanda por esse fruto cresce, produtores locais têm a chance de adotar técnicas mais eficientes de cultivo e coleta, garantindo a conservação da espécie e promovendo o desenvolvimento local.
Os próximos passos envolvem a ampliação da produção em escala industrial e a introdução do fermentado de maracujá-da-caatinga no mercado. Essa inovação tem o potencial de se estabelecer como uma alternativa interessante no mercado de bebidas alcoólicas fermentadas, unindo tradição, inovação e sustentabilidade.