A cultura do abacaxi passa a contar, pela primeira vez, com um Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) de alcance nacional.
A medida, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi desenvolvida pela Embrapa e traz orientações específicas para o cultivo em todos os municípios do Brasil, com base em dados técnicos e históricos.
A nova versão substitui a anterior, de 2012, e chega com avanços que visam aumentar a produtividade e reduzir os riscos climáticos, especialmente em áreas como o Semiárido.
Zarc para abacaxi

Entre as principais mudanças estão a introdução de três faixas de risco (20%, 30% e 40%), considerando etapas cruciais do ciclo produtivo, da floração até a colheita. Essas faixas permitem a elaboração de calendários que indicam os períodos mais apropriados para o plantio em cada região.
Segundo o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Mauricio Coelho, o estudo levou em conta quatro fases do desenvolvimento da planta: implantação e crescimento inicial, fase vegetativa, indução floral com início da frutificação e, por fim, maturação do fruto. O objetivo é tornar o planejamento agrícola mais eficiente, com base em critérios de risco climático adaptados a cada etapa do cultivo.
Outra melhoria do novo Zarc é a redefinição das classes de armazenamento de água no solo, que agora vão de 1 a 6, substituindo a escala anterior que ia até 3. Isso possibilita uma representação mais precisa dos diferentes tipos de solo encontrados no país.
Coelho explica que solos com baixa capacidade de retenção hídrica representam maior risco à lavoura, enquanto áreas sujeitas a alagamentos também são desfavoráveis ao cultivo do abacaxi. Além disso, regiões com grande incidência de geadas ou situadas acima de mil metros de altitude foram classificadas como de risco elevado.
Um avanço inédito da nova versão do zoneamento também é a diferenciação entre os grupos varietais mais cultivados no país. O sistema separa os materiais em dois grupos: o primeiro, mais resistente, inclui ‘Pérola’, ‘Turiaçu’ e ‘Smooth Cayenne’; o segundo grupo contempla a variedade ‘BRS Imperial’, mais sensível às adversidades climáticas e que exige cuidados específicos.
A portaria também determina que, em novas áreas de cultivo com variedades recentes, o uso de mudas deve seguir as normas legais, sendo obrigatória a origem em viveiros registrados, conforme a legislação brasileira de sementes e mudas (Lei nº 10.711/2003 e Decreto nº 5.153/2004).
Mais segurança para o produtor

Para o Ministério da Agricultura, a atualização do Zarc representa um avanço importante na gestão de riscos no campo. O coordenador-geral de risco agropecuário do Ministério, Hugo Borges Rodrigues, destaca que o novo modelo reforça a modernização das ferramentas disponíveis aos produtores, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e resiliente.
Além disso, seguir as diretrizes do Zarc é requisito para acesso a políticas públicas como o Proagro e o Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR).
Antes da publicação oficial, o Zarc Abacaxi passou por um processo de validação com a participação de produtores, técnicos e representantes da cadeia produtiva. Reuniões virtuais foram realizadas com integrantes das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, buscando garantir que a ferramenta refletisse adequadamente as diferentes realidades regionais.
Como acessar o Zarc
O novo Zarc Abacaxi está disponível na plataforma Painel de Indicação de Riscos, no site do Mapa, e também no aplicativo gratuito Zarc Plantio Certo, compatível com sistemas Android e iOS.