A Embrapa Agroindústria Tropical, com sede no Ceará, anunciou o lançamento do clone de cajueiro BRS 805, uma nova cultivar desenvolvida para atender principalmente as condições do litoral cearense e áreas com características semelhantes.
A apresentação oficial ocorre em dezembro de 2025, e o edital para aquisição dos propágulos está previsto para 12 de janeiro de 2026.
Clone de cajueiro BRS 805

A nova cultivar chega com a proposta de fortalecer a cajucultura cearense, setor estratégico para o Estado, líder nacional na produção de castanha, ao oferecer ganhos expressivos de produtividade em relação ao clone mais difundido nos pomares, o CCP 76.
Além disso, o material amplia a diversidade genética, fator considerado essencial para reduzir riscos associados a eventos climáticos extremos e doenças.
De acordo com o pesquisador Dheyne Melo, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Cajueiro da Embrapa, o desenvolvimento do BRS 805 teve início ainda nos anos 1990.
O material teve origem em uma área experimental no município de Pio IX, no Piauí, onde uma planta com características superiores foi selecionada para gerar progênies. Após avaliações no Campo Experimental de Pacajus, uma das plantas descendentes se destacou e passou a ser multiplicada por enxertia.
Os testes em condições de sequeiro começaram em 2003, no litoral do Ceará, e foram ampliados posteriormente para os municípios de Cruz e Itapipoca. Ao longo dos anos, o clone apresentou desempenho consistente, consolidando-se como uma alternativa de alta rentabilidade para os produtores.
Entre o quinto e o sétimo ano de cultivo, a produtividade média alcançou 1.800 quilos de castanha por hectare, o dobro da média registrada com o CCP 76. No mesmo período, a produção anual de pedúnculo chegou a 23,8 toneladas por hectare, também superando significativamente o clone tradicional.
Mercado industrial

No mercado industrial, o BRS 805 também apresenta atributos valorizados. As castanhas têm peso médio próximo de 10 gramas e padrão semelhante ao do clone BRS 226, bem aceito comercialmente. As amêndoas se enquadram na classificação LW ou W210, com rendimento industrial médio de 23,2%.
O pedúnculo, de coloração vermelha intensa e formato cônico, chama atenção tanto pela aparência quanto pelo valor nutricional, com teor de vitamina C cerca de cinco vezes superior ao da laranja. O material é indicado principalmente para processamento industrial.
Nesta fase inicial, o público-alvo são viveiristas com registro ativo no Renasem. A comercialização será feita por meio de edital público, no qual a Embrapa licenciará os propágulos do clone aos interessados habilitados.
Para o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroindústria Tropical, José Roberto Vieira, o lançamento ocorre em um momento decisivo para a cadeia produtiva.
Segundo ele, a cajucultura brasileira enfrenta a escolha entre manter um modelo de baixa produtividade ou avançar para sistemas tecnificados, com maior rendimento e melhor aproveitamento do pedúnculo.







