A polinização de abelhas no meio ambiente é fundamental para o agronegócio e a preservação das matas nativas. Espécies sem ferrão têm sido usadas de forma planejada em lavouras de frutas, soja, café, entre outras. O Projeto Kombee de Jaguariúna, município de São Paulo, busca conscientizar sobre os hábitos desses insetos.
O trabalho é desenvolvido em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e serve para mostrar que o agronegócio cuida, já que tem aumentado o número de produtores que fazem a locação de colmeias para realização da polinização de lavouras.
O biólogo e monitor do projeto Kombee, Fernando Quenzer, afirma que, especialmente os produtores do Sul, têm investido nesse tipo de serviço, pois muitas culturas dependem das abelhas para se desenvolver. Então existe uma parceria entre apicultores e agricultores, para que as abelhas façam o trabalho nas áreas.
As espécies escolhidas depende muito da região para determinar que tipos de abelha vai ser mais eficiente, mas na maioria dos casos, eles levam mais de um tipo.
A importância da polinização de abelhas

As abelhas sem ferrão quando fazem a polinização na agricultura, mas também atuam na reconstituição de florestas tropicais e conservação de remanescentes florestais.
Esses insetos são responsáveis pela polinização de 30% das espécies de biomas como a Caatinga e Pantanal; e até 90% das espécies da Mata Atlântica, segundo dados da Embrapa. Assim, a proteção das abelhas sem ferrão ou meliponíneos, está ligada à preservação flora e a fauna silvestres.
Muitos produtores rurais já são cientes da importância desses insetos e trabalham na identificação dos meliponários, que são as colmeias das abelhas sem ferrão, para que não haja aplicação de defensivos agrícolas ou outras ações para prejudicá-las.
“Os produtores estão se conscientizando da importância das abelhas e trabalhando pela sua preservação e isso é muito bom. Precisamos que isso seja mantido e ampliado para garantir a preservação da nossa fauna e da nossa flora”, explica Fernando Quenzer.
A polinização das abelhas sem ferrão
No Brasil, segundo a Embrapa, existem cerca de 240 espécies de abelhas sem ferrão catalogadas e o país é a referência mundial nas tecnologias de criação e manejo destes insetos. São abelhas sociais, muitas delas exclusivas daqui, geralmente dóceis e podem produzir muito mel.
Para fazer o mel as abelhas colhem o néctar nas flores. É assim, de flor em flor, que elas polinizam as plantas, sendo importantes para as florestas e também para dezenas de outros cultivos da agricultura.
Essa polinização consiste na transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de uma outra flor da mesma espécie.
As anteras são os órgãos masculinos da flor e o pólen é a gameta masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos, é necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho reprodutor feminino.
Segundo informação divulgada pelo Nat Geo, foi descoberto que cerca de 2% das abelhas selvagens do mundo são responsáveis pela polinização de 80% das culturas mundiais. Ou seja, como outros animais polinizadores, são responsáveis por 1/3 dos alimentos que comemos.
As abelhas podem ser criadas em grande escala e transportadas para as plantações, onde aumentam a produtividade e a qualidade dos frutos.
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Projeto Kombee

O projeto Kombee atua no desenvolvimento de educação ambiental, que mostra por meio de uma visita guiada, espécies de abelhas sem ferrão, que são nativas do Brasil e excelentes polinizadoras. Também entendem como elas contribuem para a produção no campo, inclusive com demonstração da melhoria obtida com a polinização de frutos.
Fernando Quenzer e dois médicos veterinários viajam em uma kombi com o projeto Brasil afora, para fazer a conscientização em feiras, escolas, exposições e outros lugares para onde são convidados. Eles mostram os insetos, caixas com as operárias e a abelha rainha trabalhando, além de apresentarem o alimento para degustação.
O trabalho foi apresentado na 20ª edição da Tecnoshow Comigo 2023, uma das maiores feiras do agronegócio do Centro-Oeste do Brasil, que aconteceu em março, no Centro Tecnológico da Comigo (CTC), em Rio Verde, município do sudoeste de Goiás.