A terceira versão do Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI) foi lançada pela Embrapa Solos (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em abril. Agora está disponível para todas as regiões brasileiras, com informações sobre 16 culturas agrícolas, inclusive soja e arroz.
A metodologia permite definir o ambiente ideal para desenvolver culturas com determinada tecnologia de irrigação, classificando a aptidão e o potencial das terras para essa atividade.
Segundo o pesquisador da Embrapa Fernando Cezar do Amaral, coordenador do projeto do SiBCTI, o sistema pode indicar que, em determinadas regiões, de acordo com as características do solo e do sistema de irrigação, pode ser mais viável técnica e economicamente uma tecnologia do que outra.
Irrigação: arroz e soja
Para a cultura do arroz, segundo o sistema, é inviável economicamente a irrigação do tipo localizada, principalmente em solos com baixa condutividade hidráulica no horizonte superficial. O pequeno espaçamento entre as fileiras do arroz implica uma quantidade tão grande de tubo gotejadores que aumenta muito o custo da irrigação.
“Para o arroz, temos visto o aumento da demanda por irrigação por aspersão utilizando pivôs, principalmente na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. A produtividade é menor do que no sistema por inundação, mais usual na fronteira leste, mas a lucratividade é maior, uma vez que o manejo da cultura é facilitado, o maquinário tem menor custo e a movimentação do solo é diminuída”, afirma.
Já para a cultura da soja, a vantagem da irrigação é a maior segurança de retorno econômico, segundo o pesquisador, pois com o sistema de irrigação adequado, o produtor pode aumentar a produtividade da lavoura e diminuir os riscos da colheita, pois não dependerá da chuva.
“Também facilita os tratos culturais, já que ele pode adubar ou aplicar defensivos via irrigação. E com a utilização de variedades precoces, é possível antecipar os plantios do milho e da soja, abrindo a possibilidade até de um terceiro cultivo, como de trigo ou feijão. A irrigação é uma prática custosa, mas por diminuir o risco e aumentar a rentabilidade, justifica-se plenamente”, explica Fernando.
Desenvolvimento sustentável
O uso adequado do SiBCTI evita usar terras sem aptidão para irrigação, minimizando o impacto ambiental e a perda econômica; além disso, com a avaliação do ambiente, o sistema permite que áreas antes consideradas “não irrigáveis” possam ser classificadas como “aptas à irrigação”. O método também possibilita o uso racional da água nos processos de irrigação, além de prevenir a salinização dos solos manejados.
A ferramenta, disponibilizada em software, serve como base para projetos de irrigação e colabora com a execução de políticas públicas, como a implementação da Política Nacional de Irrigação (Lei Nº 12787/13), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e que tem como principal diretriz fomentar a eficiência no uso de recursos hídricos no setor agropecuário.
Nova versão do Sistema de Classificação
O trabalho da terceira versão nacional do SiBCTI começou a partir de 2016, com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), liderado pela Embrapa Solos (RJ). O objetivo foi abarcar todas as regiões brasileiras e inserir culturas como café, arroz e soja. O sistema já contava com acerola, banana, cana-de-açúcar, capim-elefante, cebola, coco, feijão, goiaba, manga, melancia, melão, milho e uva.
O SiBCTI ajuda na tomada de decisão, pois visa armazenar e tratar os dados fornecidos pelo próprio usuário do software do sistema para entregar a classificação automática da terra para fins de irrigação. O sistema pode ser acessado por este link.
A Embrapa oferece curso para o uso correto do Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para irrigação (SiBCTI).