O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja foi atualizado, nesta nesta quarta-feira (26/4), em portarias publicadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para os estados da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Pará, Rondônia, Tocantins, Acre e no Distrito Federal. As portarias dos demais estados deverão ser publicadas nos próximos dias.
O Zarc é uma ferramenta de análise do risco que auxilia o produtor rural na tomada de decisão, já que considera a probabilidade de ocorrência de adversidades climáticas baseada numa série histórica de dados climáticos, além de características da cultura e do solo.
Novo Zoneamento agrícola de risco climático da soja
Para a soja foram definidas as áreas e os períodos de semeadura, simulando probabilidades de perdas de rendimento inferiores a 20%, 30% e 40%, por conta de efeitos do clima adversos, principalmente seca durante a fase reprodutiva da planta.
“Porém, é importante ressaltar que o Zarc não estabelece os períodos e os locais de semeadura com maior probabilidade de obtenção dos maiores rendimentos”, explica o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja.
Foram considerados novos parâmetros e fatores de risco, associando questões hídricas e térmicas, inclusive a probabilidade de ocorrência de geadas. Além disso, foi introduzida nova abordagem dos riscos associados à água disponível no solo, o que vai permitir em breve, vincular também conceitos de manejo do solo e dos sistemas produtivos.
Segundo o pesquisador, as Portarias do Zarc-Soja para a safra 2023/24 são as primeiras a contemplar essa nova metodologia. Os estudos para o desenvolvimento da nova versão do Zarc para a soja foram iniciados em 2021 e validados em 2022, junto aos principais atores da cadeia produtiva da soja.
Água e a produtividade da soja
De acordo com o pesquisador da Embrapa, dos elementos climáticos que mais influenciam o desenvolvimento e a produtividade da soja, a disponibilidade hídrica é a que mais afeta o rendimento de grãos.
O cultivo da soja necessita em torno de 450 a 800 mm de água disponível ao longo de toda a estação de crescimento da cultura, variável em função do ciclo da cultivar, do desenvolvimento das plantas e das condições climáticas da região. Para a soja apresentar um bom desempenho, a cultura necessita de volumes adequados de água e boa distribuição durante as fases mais críticas, conforme explica Farias.
Novo sistema de classificação da água disponível do solo
A principal atualização nessa versão do Zarc Soja é o novo sistema de classificação de solos que deixa de utilizar o tradicional sistema de solos “Tipo 1”, “Tipo 2” e “Tipo 3” e passa a adotar uma nova metodologia que define seis classes de água disponível (AD1, AD2, AD3, AD4, AD5, AD6).
No sistema, a classe de AD do solo é determinada com base na sua composição textural completa, ou seja, teores de areia, silte e argila. No sistema antigo, os tipos do solo eram estabelecidos, basicamente, pelo teor de argila.
A água disponível (AD) do solo deve ser estimada para cada área de produção, a partir da sua composição textural determinada por análise de solo padrão.
O Zarc Soja – 06ADs apresenta maior precisão nas estimativas de risco de déficit hídrico e melhor representação da realidade nos diferentes solos brasileiros em comparação com o sistema antigo. A soja é a primeira cultura que passa a vigorar com esse novo formato.
Acesso ao Zarc
Os resultados estão disponíveis na plataforma Painel de Indicação de Riscos, nas portarias de Zarc por estado e no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, disponível nas lojas de aplicativos iOS e Android.
Depois da publicação do Zarc Soja 6ADs, os testes poderão ser feitos diretamente ao selecionar “Soja” na lista de culturas, para os estados com Zarc Soja.