Celebra-se no dia 8 de março o Dia Internacional da Mulher. A data geralmente é associada a flores, elogios e homenagens, entretanto a comemoração está ligada as décadas de luta das mulheres pelos seus direitos e por melhores condições de vida e trabalho. Diferentemente de tantas outras datas comemorativas, o dia da mulher não foi uma data criada pelo comércio.
Sendo comemorada desde o século XX, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a data, no ano de 1975, esta é uma representação da luta de diversos grupos de mulheres, feministas, ao longo da história, que tentaram instituir uma dia no calendário para homenagear todas as guerreiras ao redor do mundo, bem como enfatizar as suas lutas por igualdade e dignidade.
Luta das mulheres
Nova York foi palco, em 1909, de uma grande passeata que reuniu cerca de 15 mil mulheres que pediam fervorosamente melhores condições de trabalho para o gênero. No ano seguinte, 1910, foi a vez da Alemanha receber as manifestações pela igualdade de direitos. A ideia central das ativistas é que as mulheres se reunissem uma vez por ano, sem ter exatamente uma data pré-determinada, para reivindicar os seus direitos.
Apesar de ser oficializado apenas na década de 70, a primeira comemoração do dia das mulheres aconteceu no ano de 1911. Após a oficialização feita pela ONU, os anos entre 1976 e 1985 foram denominados pela própria Organização das Nações Unidas como a Década das Mulheres.
Entretanto, nem só de flores está relacionado o dia da mulher. A data é também lembrada por diversos eventos trágicos, tais como um incêndio em uma fábrica de roupas no ano de 1911, em Nova York, que matou cerca de 146 pessoas, sendo 123 delas mulheres. O acidente gerou uma enormidade de mobilizações que buscavam conscientizar a sociedade que o gênero feminino também tem direitos, bem como fez questão lembrado durante o início da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918.
Atualmente as comemorações são marcadas por atos de reivindicação quanto a igualdade de gêneros, homenagens e memoriais às mulheres vítimas de violência, além de trazer a tona assuntos como aborto, feminicídio, assédio sexual e diferenças salariais.
Por que o Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março?
A escolha do dia 8 de março para a comemoração do Dia Internacional da Mulher pode estar ligado a grande mobilização realizadas pelas russas em 1917, que solicitava a saída da Rússia da 1ª Grande Guerra, bem como melhores condições de vida e alimentação, já que a população do país vivia em situação de extrema fome e pobreza.
Mulheres como gestoras no Agronegócio
Apesar da constante luta por igualdade de gêneros, direito e afins, em pleno século XXI as mulheres ainda continuam sendo vítimas de assédio sexual, feminicídio, violência doméstica e descriminação. Dentro do agronegócio, a situação não é diferente, sendo ainda pior para as mulheres gestoras que precisam lidar com homens que não as levam em consideração.
Precisamos relembrar que o agronegócio é uma das principais fontes econômicas do Brasil, onde as suas diversas vertentes representam mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, em relação a equidade de gênero nas atividades agropecuárias, esta ainda é uma luta diária, levando em consideração que as mulheres representam 51,8% da população brasileira e que a sua presença dentro do agro continua sendo um desafio a ser vencido.
A participação feminina na gestão das fazendas e propriedades rurais representa cerca de 18,6% da quantidade total. Entretanto, a participação das mulheres no ramo do agronegócio equivale menos da metade da representação masculina, com apenas 31,2%. Apesar dos números ainda serem baixos, eles representam uma melhoria, ano após ano, o que deixa as ativistas em êxtase, mesmo sabendo que ainda há um grande caminho a ser percorrido.
Apesar da existência de diferenças, parte do caminho já está consolidado e, felizmente, não há como voltar atrás já que o ritmo crescente foi determinado. As lutas de nossas ancestrais possibilitou que as empresas ficassem mais comprometidas e mudassem a sua estrutura visando permitir a entrada da mulher em todo e qualquer tipo de mercado de trabalho, inclusive no agronegócio, seja através da gestão de uma propriedade, do cuidado com os animais e com as culturas ou da mão de obra.
Hoje, podemos dizer com propriedade que o mundo abriu as portas para as mulheres, graças a perseverança, lutas e movimentos realizados pelo gênero em busca do seus direitos. É gratificante ver que o agronegócio tem buscado estabelecer uma igualdade dentro do setor e que a diferença entre homens e mulheres estão cada vez menor.
Mais gratificante ainda é ver mulheres em posição de liderança, estando à frente da administração de uma empresa, se especializando e conseguindo conquistar títulos de mestre e doutor em determinado ramo de atuação. Conforme dados de uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), aproximadamente 30% dos cargos de gestão são ocupadas por mulheres.
Infelizmente, o estudo mostrou também que cerca de 71% das entrevistadas já passou por alguma situação em que o fato de ser do gênero feminino impediu que fossem ouvidas e levadas a sério, sendo questionadas sobre a sua capacidade, bem como impediram que elas conseguissem crescer profissionalmente ou estabelecer uma relação profissional.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgaram dados informando que dos mais de 5 milhões de empreendimento rurais presentes no Brasil, quase 1 milhão tem mulheres no comando das propriedades, sendo a região Nordeste do país onde isto mais acontece e o Centro-Oeste com menor índice de participação feminina.
Dentre os fatores que contribuíram para este avanço temos a globalização; mudanças culturais vividas pelo Brasil; inclusão de gênero cada vez mais assídua; fortalecimento do movimento feminino; capacitação profissional e exigência de espaço no mercado de trabalho. Ter mulheres representando grandes instituições, tais como o MAPA, é uma pauta essencial para o avanço das discussões sobre equidade de gênero dentro do agronegócio e também de outros segmentos profissionais.
Não podemos deixar de ressaltar que dar voz a uma mulher acaba impactando a vida de outras e incentivando a busca pelo seu lugar de direito e espaço na sociedade de modo geral. Podemos dizer que todas as mulheres são influenciadoras, mesmo sem saber o impacto que tem na vida de outras pessoas.
De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), os principais desafios das mulheres gestoras de um agronegócio são:
