Goiás comemora pela primeira vez o Dia Estadual da Pamonha, instituído pelo pela Lei nº 22.535, que estabelece a data com o objetivo de preservar e promover a cultura de comer o prato considerado um dos mais tradicionais do estado. A proposta foi de autoria do deputado Gugu Nader (Agir).
Sancionada em janeiro pelo governador Ronaldo Caiado, a comemoração será anualmente em 3 de fevereiro, que marca o início da colheita do milho no estado, inclusive da cultivar específica para a produção de pamonhas.
Dia Estadual da Pamonha
Ao celebrar este prato tão típico de Goiás, o objetivo é conservar a história da pamonha e perpetuar para as gerações futuras essa tradição culinária goiana, que inclusive desde dezembro de 2022, foi declarado patrimônio cultural imaterial do estado.
De acordo com os dados da Junta Comercial de Goiás (Juceg), hoje existem mais de 11 mil pamonharias no estado. A maioria ficam em Goiânia com 3.175 estabelecimentos; seguida por Aparecida de Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Águas Lindas de Goiás.
- Pipoca, canjica, pamonha: Veja a diferença do milho usado em cada alimento
Pamonha
A pamonha é um prato de origem indígena, também influenciado pela culinária portuguesa. Não há uma receita padrão, mas ela é feita à base de milho e pode ser salgada, doce, à moda e recheada com queijo, pimenta, linguiça e outros ingredientes.
A palavra pamonha tem origem no tupi pa’muna, que significa pegajoso e grudento, por isso a textura de um creme mais grosso que um purê, por exemplo. Segundo o livro Casa Grande e Senzala, do autor Gilberto Freyre, há menções de que o prato estava presente no período da escravidão e era feito nas ruas pelas mulheres negras.
Em Goiás, além das pamonharias comerciais, a pamonha tem uma forte relação social com um evento chamado pamonhada, um mutirão em volta de pilhas de espigas de milho, que surgiu nas propriedades rurais em torno das plantações de milho-verde, para fabricação da pamonha.
Na reunião, as famílias colhem o milho, descascam, reservam a palha, ralam o milho, temperam e recheiam a massa , colocam em trouxinhas da palha e amarram, depois são cozidas em tachos de água fervente. Está pronto o prato, que é consumido com bebidas em geral, inclusive um cafezinho. O alimento remete ainda à vida na roça e conquistou seu espaço no coração e na mesa dos goianos.
Produção de milho de pamonha
Segundo a Embrapa Milho e Sorgo, os grãos de milho são identificados em cinco tipos, com formato e composição diferentes, chamados de: dentado, duro, farináceo, pipoca e doce. O milho-verde comum pode ser consumido simplesmente cozido ou assado como no caso da pamonha e ainda em outras receitas como angu que é salgado e o curau, um mingau doce.
No Podcast Agro2, o engenheiro agrônomo e consultor técnico especialista em culturas como milho, José Humberto Martins Borges, conta a história do milho-verde para a pamonha e o desenvolvimento da cultivar BM904, ideal para produção de pamonha, com grande potencial produtivo e sanitário, além de ser rentável para o agricultor brasileiro.
Festival da Pamonha Goiana
O Festival da Pamonha Goiana está sendo comemorado neste sábado (3), que é o dia da iguaria, com vários eventos em pamonharias, igrejas e espaços sociais do estado de Goiás, sendo uma oportunidade para produtores e chefs locais exibirem suas receitas, enriquecendo ainda mais a tradição gastronômica de Goiás.
Em Itumbiara, região sul do estado, o autor da proposta do Dia Estadual da Pamonha, promove um braço do festival, com 25 mil espigas de milho e 200 quilos de queijo, para fabricação de mais de 20 mil unidades de pamonha, com o objetivo de estabelecer o recorde da “maior pamonhada do mundo”. O evento acontecerá no estacionamento da rua Santa Rita, centro da cidade, com programação para todo o dia, incluindo música ao vivo.