A produção brasileira de etanol de milho deve alcançar 6 bilhões de litros na safra 2023/2024, crescimento de 36,7% em relação à temporada anterior e 800% maior que nos últimos cinco anos, segundo dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
O crescimento da capacidade produtiva se dá pela ampliação do complexo industrial brasileiro com evolução da quantidade de usinas, adoção de tecnologias, alta de rendimento industrial e maior demanda internacional por biocombustíveis.
Produção brasileira de etanol de milho
Entre as vantagens de aumentar a produção com o etanol de milho está a grande disponibilidade de matéria-prima, principalmente por usar o milho de segunda safra no Brasil e que traz benefícios quanto à proteção da terra, reciclagem de nutrientes e carbono orgânico no solo e a contribuição com o processo de descarbonização.
O crescimento foi exponencial no setor, saindo de 520 milhões de litros de etanol de milho na safra 2017/2018 para seis bilhões de litros. Segundo projeção da Unem, a safra atual deve registrar aumento de 1.053% em relação a 2017.
O etanol de milho passou de complementar para estratégico dentro da cadeia de biocombustíveis utilizados em automóveis). A participação do derivado de cereal passará para 19% do total de etanol consumido no país.
“Com capacidade de armazenamento do milho, as indústrias produzem ao longo de todo o ano. Dos 365 dias, as unidades fazem uma parada técnica de 10 a 15 dias apenas. Com isso, cada unidade produz grandes volumes e há uma oferta linear de combustível no mercado, atenuando a sazonalidade de produção do etanol de cana-de-açúcar, garantindo o abastecimento e diminuindo as grandes oscilações de preços”, explica o presidente-executivo da Unem Guilherme Nolasco.
Produção de etanol de milho em Goiás
Em Goiás, na safra 2022/23, foram utilizados 1,1 milhão de toneladas de milho para a produção de etanol. Considerando que o Estado colheu 12 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), este volume representa quase 10% da produção local.
Para a próxima safra, a expectativa é de crescimento para 1,2 milhão de toneladas. O etanol de milho já é a segunda principal fonte de consumo do milho goiano, ficando atrás apenas da alimentação animal.
“Além de fomentar a produção do cereal, especialmente em Goiás e no Mato Grosso, e produzir biocombustível [etanol], ele gera coprodutos como o óleo, o DDG [grãos secos de destilaria] e o DDGS [grãos secos de destilaria com solúveis], estes últimos usados na ração animal. Também fomenta a geração de energia e a produção de florestas plantadas de eucalipto”, aponta o coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Alexandro Alves.
Etanol de milho x Etanol de cana
A cana-de-açúcar tem 54% menos açúcar do que o milho, uma tonelada dela só faz 89,5 litros de etanol. Apesar de ser mais difícil transformar em açúcar as moléculas de amido, o milho produz mais sacarose e álcool. Uma tonelada rende 407 litros de etanol.
A diferença está no rendimento, sendo que em relação ao produto final é exatamente o mesmo produto, ou seja, a molécula de etanol é uma cadeia carbônica que não possui diferença, independentemente de onde a matéria-prima é oriunda.
Tipos de Indústrias
Existem três modelos de usinas de etanol de milho operando no Brasil: a Usina Full (ou dedicadas), que processa exclusivamente milho para produção de etanol; a Usina Flex, que são aquelas de cana-de-açúcar adequadas para produzir etanol de milho no período da entressafra da cana; e a Usina Flex Full, que são usinas de cana e milho que operam paralelamente.
As usinas que produzem os dois, de abril a novembro ou dezembro produz a partir da cana, e a partir do momento que começa o período chuvoso, começa a produzir etanol do milho.
*Com informações da Unem e da Comunicação Sistema Faeg