O Bioma Pampa está sofrendo com o rápido desaparecimento de sua fauna e flora. Entre os anos de 1985 e 2022, o bioma já perdeu 2,9 milhões de hectares.
Conforme o estudo do MapBiomas, o Pampa representa mais de 68% da área total do Rio Grande do Sul.
Desaparecimento da vegetação do Bioma Pampa
De acordo com o levantamento, o bioma que só há no estado, a perda corresponde a 58 vezes a área da capital Porto Alegre, no que representa em uma redução de 32% da área que existia em 1985.
O estudo que foi elaborado com base na análise de imagens de satélite, apontou que a vegetação campestre do Pampa Sul-Americano, bioma composto por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai, sofreu uma perda de 20%, incluindo 9,1 milhão de hectares de campos nativos no mesmo período.
Já nas áreas mapeadas, 66% estão na Argentina (72 milhões de hectares), 18% o Brasil (19,4 milhões de hectares) e 16% no Uruguai (17,8 milhões de hectares). Já o Pampa Sul-Americano ocupa 6,1% da América do Sul.
Situação grave
Com base o Biólogo mestre em Botânica, Paulo Brack, o caso é considerado grave e deveria ser implantado ações para mudar o cenário.
“A situação do bioma Pampa está bem grave, no sentido de que, por exemplo, no ano passado o MapBiomas que é essa rede de informação que reúne uma série de entidades e instituições que avaliam a situação dos biomas brasileiros, colocou o Pampa em primeiro lugar em perda de remanescentes nos últimos 37 anos, desde 1985 até 2021, sendo que 29,5% rinham sido perdidos nesse período de praticamente três décadas e meia”.
O mapeamento destacou que entre 1985 e 2022, o uso agrícola do solo avançou 2,1 milhão de hectares. Já a silvicultura aumentou a sua extensão em mais de 720 mil hectares no período, sendo assim, um crescimento que equivale a 1.667%.
O professor ainda explica que devido às características da vegetação do Pampa, a criação de gado é uma atividade altamente propícia para a região.
“Nós consideramos que a pecuária realmente deveria ser incentivada no pampa porque é impressionante também que a pecuária no Brasil esteja se deslocando para áreas desmatadas na Amazônia”, destacou.
Além disso, professor também evidenciou que o investimento em outras atividades como o turismo ecológico, a criação de frutíferas nativas e a agricultura familiar também têm potencial de ajudar na preservação do Pampa.
Outra iniciativa também seria a criação de mais unidades de conservação. Das 320 Unidades de Conservação (UC) administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Área de Proteção Ambiental (APA) de Ibirapuitã, localizada em Sant’Ana do Livramento, município do Rio Grande do Sul, foi criada em 1992, exclusivamente para a proteção do Pampa. Com uma área de 316,7 mil hectares, protege diversas espécies ameaçadas de extinção, como o estilete (Lamproscapha ensiformis), a faquinha-truncada ( Mycetopoda siliquosa) e a faca (Mycetopoda legumen), ambas espécies aquáticas.