De acordo com o mapeamento realizado pelo MapBiomas, o solo brasileiro armazena uma quantidade de carbono equivalente a 70 anos de emissões de dióxido de carbono (CO2) do país.
Isso reforça a importância da preservação da cobertura vegetal nativa dos biomas brasileiros, uma vez que o CO2 é um dos principais contribuintes para o efeito estufa.
Carbono no solo dos biomas brasileiros
Em 2021, o Brasil contava com cerca de 37,5 bilhões de toneladas (gigatoneladas – Gt) de carbono orgânico no solo (COS).
Desse total, aproximadamente 63% (23,4 Gt COS) estão armazenados em solos com cobertura nativa estável. Em contraste, apenas 3,7 Gt COS estão estocados em solos que foram convertidos para uso antrópico, ou seja, ocupados pelo homem.
A Mata Atlântica e o Pampa são os biomas que apresentam os maiores estoques de armazenamento de carbono orgânico no solo por hectare, em comparação com os outros. A Mata Atlântica possui uma média de 50 toneladas por hectare (t/ha), enquanto o Pampa possui uma média de 49 t/ha.
Em contraste, na Amazônia, o valor médio é de 48 t/ha. Os menores estoques são encontrados na Caatinga, com uma média de 31 t/ha.
Em termos absolutos, a Amazônia lidera, com um estoque de 19,8 gigatoneladas de carbono orgânico no solo (Gt COS).
Redução na quantidade de carbono no solo agrava mudanças no clima
Segundo o MapBiomas, o solo é um dos quatro principais reservatórios de carbono do planeta, juntamente com a atmosfera, os oceanos e as plantas, que absorvem carbono durante o processo de crescimento.
Quando o solo, que armazena esse carbono orgânico, está em estado de degradação, pode liberar o carbono para a atmosfera na forma de dióxido de carbono (gás carbônico) e metano, agravando as mudanças climáticas.
Entre 1985 e 2021, houve uma redução na quantidade de carbono armazenado no solo coberto por florestas no Brasil, diminuindo de 26,8 gigatoneladas (Gt) para 23,6 Gt.
Essa queda representa uma perda de 3,2 Gt, uma quantidade maior do que todo o estoque de carbono da Caatinga em 2021, que é de 2,6 Gt, o equivalente a quase seis anos das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.
Mapeamento do solo
Uma pesquisa coordenada pela professora Taciara Zborowski Horst demonstrou que é possível realizar mapeamentos em larga escala para acompanhar as mudanças que ocorrem no solo e analisar como as decisões de planejamento territorial afetam esse recurso fundamental.
Horst ainda destacou a necessidade de preservar não apenas a parte visível, mas também o patrimônio abaixo do solo, onde há um enorme estoque de carbono.