A Embrapa divulgou uma pesquisa que revelando que 40% da demanda de madeira no país é suprida por florestas comerciais de eucalipto.
Essa madeira de reflorestamento ocupa somente 1% do território nacional, totalizando menos de 10 milhões de hectares de plantações, sendo uma alternativa mais interessante para o mercado.
Florestas de eucalipto X florestas nativas
O estudo mostra que a floresta de eucalipto, da espécie E. urophylla, uma das mais plantadas no Brasil e no mundo, além de ser muito mais barata que a floresta nativa, é obtida num prazo muito mais curto.
De acordo com o pesquisador Laerte Scanavacca Júnior, da Embrapa, uma espécie nativa da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica demora cerca de 100 anos para produzir madeira.
Além disso, seu aproveitamento médio gira em torno de 30%, que somado ao preço do transporte por estar em locais de difícil acesso e muito longe do mercado consumidor, se torna menos viável.
Já a floresta de eucalipto demora cerca de 20 a 30 anos para produzir madeira, com aproveitamento de 40 a 60% e estão localizadas em áreas de fácil acesso.
Scanavacca ainda cita os mercados consumidores desses tipos de madeiras e alerta para uma necessária mudança em relação ao uso de madeiras nativas, afirmando que a madeira da Floresta Amazônica pode ser substituída com qualidade e preço pela madeira da floresta comercial.
“Os setores de papel e celulose só utilizam madeira de reflorestamento, o setor siderúrgico ainda utiliza um pouco de madeira nativa, enquanto o único setor que a maior parte de madeira é nativa é o de produtos sólidos, como móveis e madeira para construção civil. Isso tem que mudar”, diz.
Correlação entre produtividade e propriedades tecnológicas da madeira
Segundo José Nivaldo Garcia, pesquisador da USP, o estudo revela que não há uma correlação entre a produtividade e as propriedades tecnológicas da madeira. Ele enfatiza que a maioria das empresas florestais realiza melhoramento genético com foco na produtividade, sem afetar as propriedades tecnológicas.
Ou seja, é possível selecionar progênies mais produtivas para uso em marcenaria, com baixa densidade e encolhimento, ou em serrarias, com alta densidade, resistência ao cisalhamento, compressão e módulo de elasticidade.
Os resultados do experimento, avaliado quando a árvore tinha nove anos, mostraram que nessa idade o material é mais indicado para carpintaria. No entanto, por volta dos 20 anos, todas as propriedades mecânicas melhoraram.
Com um programa de melhoramento genético adequado, é possível também adaptar a espécie para uso em serrarias, com maior teor de extrativos e baixa densidade e encolhimento, ou em carpintaria, com maior resistência mecânica das propriedades avaliadas.