Com apenas 31% de cobertura vegetal natural, a Mata Atlântica segue como o bioma brasileiro mais transformado pelas atividades humanas.
Dados atualizados do MapBiomas, divulgados nesta segunda-feira (28), mostram que a agricultura foi o uso da terra que mais cresceu na região nas últimas quatro décadas, praticamente dobrando sua área entre 1985 e 2024.
Vegetação nativa da Mata Atlântica

O levantamento integra a Coleção 10 de mapas de cobertura e uso da terra, que reúne informações sobre a evolução dos biomas brasileiros desde 1985. Segundo a equipe responsável, a expansão das áreas agrícolas consolidou a ocupação de 67% da Mata Atlântica por usos antrópicos.
As maiores perdas florestais ocorreram entre 1985 e 1994, quando 4,7 milhões de hectares de mata foram convertidos principalmente para agropecuária. Nos dez anos seguintes, entre 1995 e 2004, o ritmo de desmatamento caiu 40%, com 2,9 milhões de hectares convertidos.
Já entre 2005 e 2014, os efeitos da legislação ambiental começaram a aparecer: houve ganho líquido de 200 mil hectares, resultado de uma recuperação superior à área desmatada.
O cenário voltou a preocupar entre 2015 e 2024, período em que as áreas de regeneração e desmatamento praticamente se equilibraram, mesmo após a aprovação do Código Florestal, em 2012. No acumulado de 40 anos, o bioma perdeu 2,4 milhões de hectares de florestas, o que representa uma redução de 8,1% em relação à cobertura mapeada em 1985.
Nos últimos cinco anos, o desmatamento médio anual foi de 190 mil hectares, e metade das áreas derrubadas corresponde a florestas maduras, com mais de 40 anos de idade, ecossistemas de alta biodiversidade e fundamentais para o armazenamento de carbono.
Formações campestres

Além das florestas, as formações campestres também registraram forte retração, com queda de 28% desde 1985 e perda contínua a partir dos anos 2000. A taxa média de conversão chegou a 38 mil hectares por ano na última década.
Ao considerar todos os tipos de vegetação nativa, a Mata Atlântica perdeu 11,5% de cobertura em quatro décadas. Apenas Rio de Janeiro e São Paulo ampliaram a área de vegetação natural nesse período. Em 2024, os estados com maior proporção de áreas preservadas foram Santa Catarina (45%), Rio Grande do Sul (40%) e Bahia (39%).
Atualmente, as florestas, manguezais e restingas ocupam 25,3% da Mata Atlântica, praticamente o mesmo espaço das pastagens (25%). As áreas agrícolas representam 19%, seguidas pelos mosaicos de uso (17%).







