A Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada) e Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi) confirmaram, na última sexta-feira (2), um caso de peste suína clássica em animais domésticos ou de subsistência, de um estabelecimento rural do município de Cocal da Telha, no norte do estado.
O foco da doença foi confirmado através da coleta de amostras de suínos com sinais clínicos compatíveis e que foram encaminhadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA/MG) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Caso de peste suína clássica no Piauí
No estabelecimento rural que possui criação de suínos de subsistência, contava com 15 animais, mas dois morreram em um curto período de tempo, após apresentar sintomas como diarreia, fraqueza e amontoamento (animais deitados em grupos).
“A participação do proprietário dos animais foi de fundamental importância, pois ao verificar um número de mortes repentina e sinais clínicos e comportamentais estranhos, como febre e fraqueza, acionou a Secretaria de Agricultura Municipal que comunicou a Adapi através da USAV (Unidade de Sanidade Animal e Vegetal) [do município] de Piripiri”, relata a Coordenadora Estadual do PESS, Karoliny Mendonça.
A denúncia foi feita no dia 22 de novembro, depois uma equipe da Adapi foi até o local realizar a investigação e verificar se os animais apresentavam sintomas de PSC. Feita a inspeção dos animais e identificada a suspeita, os médicos-veterinários realizaram a coleta de amostras que foram encaminhadas ao laboratório do Mapa, que confirmou a doença através de laudo.
A equipe da Adapi fez as medidas de saneamento para conter e eliminar a doença, que incluem notificar o proprietário dos animais. Foi realizado o sacrifício dos 12 animais da propriedade e enterrados em vala sanitária construída; além disso, os agentes fizeram a vigilância epidemiológica nas propriedades da região, para evitar disseminação da doença. Foi aberto um processo de pagamento de indenização ao proprietário por conta do sacrifício dos animais.
Peste suína clássica
A peste suína clássica (PSC) é uma doença causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, e possui um sorotipo viral subdividido em dez subtipos. Acomete suínos (Sus scrofa) domésticos e asselvajados (javalis). É de notificação imediata ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) sob qualquer caso suspeito.
Na forma aguda causa febre alta nos animais, apatia, anorexia, letargia, animais amontoados, conjuntivite, lesões hemorrágicas na pele, cianose (coloração azulada em várias partes do corpo, falta de força de membros posteriores, falta de cordenação motora, abortos. A morte pode acontecer de 5 a 14 dias após o início dos sintomas.
O vírus não infecta seres humanos. O consumo de carne suína não caracteriza um risco à população, uma vez que a doença é somente de importância comercial, por ocasionar muitas mortes na criação.
Projeto contra peste suína clássica no Brasil
A vacinação contra a doença está proibida no Brasil, mas o Mapa gerencia um projeto piloto em Alagoas, o “Projeto – Brasil Livre de Peste Suína Clássica”, onde vem sendo testada a implementação de campanhas de Vacinação contra a PSC: no Estado de Alagoas mais de 17 mil animais já foram vacinados contra a Peste Suína Clássica na 5ª etapa de Vacinação e que acontece até o dia 12 de Dezembro de 2023.
O Brasil é dividido em duas zonas: a zona não livre da doença, que além de Alagoas, conta com outros dez estados brasileiros: Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima.
E a zona livre, que incorpora 15 estados brasileiros e o Distrito Federal (RS, SC, PR, MG, SP, MS, MT, GO, DF, RJ, ES, BA, SE, TO, RO e AC) e não registra a doença desde 1998. A zona livre concentra mais de 95% de toda a indústria suinícola brasileira e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), onde a vacinação é proibida.