Pesquisadores da Embrapa (SE) desenvolveram uma nova mesa flutuante para a criação da Crassostrea gasar, a principal espécie de ostra nativa cultivada no Nordeste do Brasil. A Mesa Móvel Flutuante Realocável para o Cultivo de Ostras (Mesa Ostranne) é um equipamento simples e de baixo custo, que pode ser construído pelo próprio produtor.
A nova mesa flutuante permite o acesso às ostras independentemente da amplitude da maré, reduzindo assim a cara de trabalho, além de possibilitar o deslocamento da estrutura de cultivo e da criação inteira para a margem e locais alternativos de manejo, com o objetivo de proteger os moluscos de problemas que comprometem a produção.
Mesa flutuante para cultivo de ostras nativas

A malacocultura, que é o cultivo de moluscos, está crescendo em águas quentes das Regiões Nordeste e Norte do País, mas ainda enfrenta desafios para se firmar de forma competitiva.
Estudos que foram conduzidos em locais de cultivo apontam que as ostras cultivadas em mesas flutuantes apresentaram as maiores taxas de crescimento e sobrevivência, independentemente da necessidade de realocação, quando comparadas a indivíduos criados em estruturas tradicionais fixas e a nova mesa confirma essa tendência.
No parque aquícola norte de Sergipe, um dos locais onde foi validada, 91% dos moluscos cultivados alcançaram tamanho mínimo comercial. Sendo assim, apenas 14% dos criados em mesas fixas tiveram o mesmo desempenho.
O pesquisador da Embrapa Jefferson Legat, que coordenou o desenvolvimento da tecnologia, ressalta que os resultados obtidos corroboram estudos anteriores que também foram realizados pela Empresa em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Tais estudos comprovaram que ostras de um mesmo lote, cultivadas em áreas tropicais, apresentaram melhor desempenho zootécnico quando cultivadas com maior tempo de submersão e menor tempo de exposição ao ar e ao sol.
Tecnologia fácil e de baixo custo

As novas mesas flutuantes para cultivo de ostras podem ser confeccionadas com tubos e aço galvanizado (25 mm), tubos de CPVC (54 mm) ou de PVC soldável (50 mm). As instruções e as vantagens e desvantagens de cada tipo de material são apresentadas no site da Embrapa.
As estruturas tubulares, uma vez cortadas e montadas conforme as instruções da circular técnica, servirão de base para acomodar e sustentar os ‘travesseiros’, estruturas retangulares com telas específicas que acomodam as conchas.
O sistema é preso ao solo submerso da área de maré com uso de poitas (pesos de fundo) e cordas de fixação. A flutuação de toda a estrutura é garantida pelo uso de bombonas (boias) de 30 litros de volume.
Atualmente, muitos estados brasileiros continuam adotando práticas implementadas na década de 1970 e desenvolvidas para países de clima temperado, com pouca ou nenhuma adaptação às condições ambientais e climáticas das áreas de cultivo situadas em águas costeiras tropicais.
Outra desvantagem é que, sem flutuação, alguns desses sistemas acabam alojando as outras cultivadas, dependendo do nível da maré em cada horário, em diferentes patamares da lâmina d’água, ou mesmo fora dela.
Esses patamares nem sempre são ideais no que se refere às condições ambientais para o melhor desenvolvimento dos animais, como temperatura, salinidade e concentração de alimento.