A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma biotécnica que permite aos pecuaristas aumentar a eficiência reprodutiva de bovinos, além de ser vista como uma dos melhores sistemas de melhoramento genético.
A maioria dos animais inseminados no Brasil são por IATF, principalmente o gado de corte, que atinge um índice de quase 100% com o uso da tecnologia.
A técnica usa protocolos hormonais que tem maior controle sobre a ovulação, que proporcione inseminar um grande número de animais no menor tempo possível.
Como funcional a Inseminação Artificial em Tempo Fixo
O pecuarista escolhe um dia e horário e por meio da terapia hormonal, ele ou o profissional veterinário induz a atividade ovariana, sincronizando o cio de todas as vacas por meio de medicamentos e consequentemente sua ovulação, ou seja, as vacas e novilhas são inseminadas em uma data pré-determinada.
Em média, protocolos de IATF feitos de forma correta sincronizam de 80 a 85% das vacas. A partir daí, a ferramenta atua para potencializar a reprodução do rebanho e a lucratividade.
A gestação das vacas é diagnosticada em um período aproximado de 30 dias após a realização da IATF. Caso alguma delas não esteja prenha, é possível refazer nesses animais o chamado tratamento de ressincronização, que é uma segunda IATF.
Um estudo publicado em 2015 pela Pubvet (Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia), apontou uma taxa de prenhez de cerca de 50% a cada IATF, podendo chegar a 60% e até 70% em algumas propriedades com manejo nutricional, sanitários e reprodutivos de excelência.
Origem da IATF
A IATF teve início na década de 1990, como estudo experimental dos núcleos de pesquisa das faculdades ou veterinários especializados em reprodução. A técnica explodiu para o mercado de uns dez anos para cá. Desde 2009, vários laboratórios começaram a produzir hormônios, onde hoje boa parte das lojas agropecuárias têm duas ou três marcas de hormônio à venda.
Vantagens
Essa estratégia de manejo traz vantagens como: a possibilidade de realizar diferentes cruzamentos; a melhora da padronização do rebanho e das carcaças; e o controle sanitário mais eficiente.
Com a indução e a sincronização da ovulação das fêmeas bovinas através de protocolos hormonais, o pecuarista tem o controle reprodutivo do rebanho e isso gera ganhos.
A IATF possibilita estabelecer um calendário de inseminação e fazer o procedimento de todas as vacas em um mesmo dia, mesmo em rebanhos numerosos, servindo tanto para realizar em gado de corte ou de leite, a partir de opções de protocolos e estratégias.
Outra vantagem da técnica é a redução do período entre os partos, pois a IATF já pode ocorrer no período entre 30 e 40 dias após o nascimento do bezerro.
“Em uma situação ideal, uma vaca dá um bezerro por ano. Mas o que acontece muito nos sítios onde não se usa um acompanhamento reprodutivo, os produtores ficam aguardando um cio natural que não acontece ou não aparece. Muitas vezes, a vaca está parida há 4 ou 5 meses e ainda não deu cio”, explica Claudio Menezes, médico veterinário e instrutor do SENAR-SP, que aponta o intervalo longo entre os partos como um dos principais prejuízos na bovinocultura.
Mercado
Segundo dados do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) houve expansão de 29,7% do mercado de IATF, entre 2019 e 2020, ano em que foram comercializados mais de 21,2 milhões de protocolos, comparados aos 16.382.488 em 2019.
As informações indicam que 89,8% das inseminações no Brasil em 2020 foram realizadas por IATF, demonstrando a consolidação dessa tecnologia no mercado de inseminação artificial.
Os grandes responsáveis pela eficiência desse sistema de manejo são os profissionais especializados. Existem cerca de 6 mil pessoas que prestam serviços no controle e na análise dos resultados dos programas de IATF, que atuaram para que as mais de 21 milhões de sincronizações nas fazendas de leite e de corte no Brasil fossem realizada em 2020.