O Conselho de Administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Consad) confirmou a destituição do diretor executivo de Operações e Abastecimento, Thiago José dos Santos, após polêmica do leilão de arroz.
A destituição de Santos será publicada no Diário Oficial da União. O pedido de saída do diretor foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, que junto com o Ministério da Agricultura, compartilha a gestão da Conab.
Santos era responsável pela operação e pelo edital do leilão de compra pública de arroz importado, que foi anulado pelo governo federal devido a suspeitas de irregularidades. O despacho do Consad, assinado pela presidente do colegiado, Iracema Ferreira de Moura, entra em vigor imediatamente.
A decisão de afastar Santos foi aconselhada pela Casa Civil e por órgãos de controle do governo, sendo também uma demanda da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) após apontarem “inconsistências” no edital do leilão.
Santos tem ligações com Robson Luiz de Almeida França, presidente da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e sócio proprietário da Foco Corretora, que intermediou o maior volume de lotes arrematados no leilão anulado.
A Controladoria Geral da União (CGU) investiga suspeitas de conflito de interesse, tráfico de influência e favorecimento no leilão.
Leilão de arroz
Em 11 de junho, o governo decidiu cancelar um leilão de importação, conforme anunciado por Paulo Teixeira, Carlos Fávaro e Edegar Pretto, presidente da Conab, após uma reunião com Lula. O leilão original ocorreu em 6 de junho, resultando na seleção de 4 empresas vencedoras. Apesar dos planos do Executivo para realizar um novo leilão, ainda não há uma data definida para isso.
A composição das empresas vencedoras chamou a atenção: das 4 selecionadas, apenas uma, a Zafira Trading, está diretamente ligada ao comércio exterior. As outras incluem uma empresa de queijos em Macapá (AP), uma fabricante de sucos em São Paulo e uma locadora de veículos em Brasília.
Estas empresas estavam programadas para receber um total de R$ 1,3 bilhão. A disputa foi promovida pela Conab para garantir o abastecimento de arroz no país, especialmente após as enchentes no Rio Grande do Sul, que é responsável por cerca de 70% da produção nacional do grão. O certame visava a aquisição de 263 mil toneladas de arroz.