A cadeia produtiva do arroz começará a ter 100% de rastreabilidade, da matéria-prima até a gôndola do supermercado, o que permite transparência e acesso do consumidor à sustentabilidade de todo o processo.
O Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar) é uma ferramenta desenvolvida pela Embrapa que utiliza tecnologia blockchain, que começará a ser aplicada para a produção de arroz a partir deste mês de agosto.
Rastreabilidade da cadeia produtiva de arroz
A inovação será lançada no dia 29 de agosto, durante a 47ª Expointer, em Esteio (RS), no espaço da Embrapa junto ao estande do governo federal, no pavilhão internacional.
Através da ferramenta da Embrapa, a Arrozeira Pelotas levará ao mercado o primeiro lote de arroz rastreado, que oferece por meio de um QR Code na embalagem, o acesso a informações sobre a origem da matéria-prima e o processo pelo qual o produto passa até chegar ao consumidor.
Já foram rastreadas cerca de 300 toneladas de arroz branco tipo 1 da marca Brilhante. Entretanto, a ideia da Arrozeira Pelotas é produzir novos lotes, expandindo para outros produtos, como o arroz parboilizado e o arroz parboilizado integral.
O trabalho de rastreabilidade foi realizado com produtores que cultivam as variedades da Embrapa: BRS Pampa e BRS Pampeira. Os lotes estão sendo distribuídos para comercialização no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul. Em seguida, o produto deverá chegar a outros mercados dos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Pará.
Legislação e demanda do consumidor
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou a iniciativa para atender à Lei do Autocontrole, que compartilha responsabilidades entre governo e setor produtivo na fiscalização da produção agropecuária.
A legislação, ainda em processo de regulamentação, determina a necessidade de monitoramento e o registro auditável de informações ligadas aos processos produtivos, para garantir qualidade, segurança e conformidade legal aos produtos.
Segundo o pesquisador responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, Alexandre de Castro, da Embrapa Clima Temperado (RS), a cultura da rastreabilidade possibilita não só a transparência para o consumidor, mas também um diferencial de mercado para a indústria.
Critérios de rastreabilidade
A rastreabilidade pode envolver dados sobre os elos da cadeia produtiva, sendo dividida em: originação (fornecedor/produtor), industrialização, distribuição e comercialização (varejo/atacado). Para o arroz Brilhante, estão sendo registrados, num primeiro momento, dados ligados aos produtores (originação) e à indústria.
Para os produtores, as informações envolvem nome da propriedade, CPF, geolocalização, certificações e cultivares utilizadas nos lotes. Para a indústria, leva em conta, datas de fabricação e de validade, laudos de classificação vegetal e ficha técnica do produto.
Essas informações são exibidas na chamada “página de rastro”, acessada pelo celular mediante leitura do QR Code estampado nas embalagens e inserção do número do lote.
Ainda estão disponíveis o código de rastreio do lote, a assinatura digital do lote, especificações do produto, informações nutricionais, e uma imagem da embalagem. Também é possível conferir a oferta do arroz no campo ao longo do ano. A página de rastro recebe um certificado de autenticidade emitido pela Embrapa.