Pesquisadores da Embrapa em parceria com a Bayer vêm monitorando plantas daninhas resistentes a herbicidas em Mato Grosso e oferecem os dados em uma plataforma online e gratuita aos produtores rurais.
Na ferramenta, o agricultor consegue verificar pontos onde foram coletadas sementes de biótipos com suspeita de resistência, as espécies e quais herbicidas usar, além do mecanismo de ação para controlar as plantas daninhas.
Plataforma contra plantas daninhas
A ideia da plataforma é alertar os agricultores e garantir um manejo eficiente contra as plantas invasores.
“Ao verem que há resistência em sua região, eles podem planejar estratégias de controle, seja com a rotação de recrutamento e de controle de ação, com uso de herbicidas pré-emergentes, por exemplo, ou ainda com o manejo cultural usando plantas de cobertura ”, explica a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Fernanda Ikeda.
Pesquisa com plantas daninhas
A identificação de plantas daninhas resistentes começa nas coletas em campo, em expedições realizadas às principais áreas agrícolas de Mato Grosso, onde são coletadas sementes de plantas com suspeita de resistência.
Os agricultores e técnicos também podem contribuir com a pesquisa, fazendo o envio de sementes que encontrarem e que são suspeitas de resistência a herbicidas.
A amostra deve ser preferencialmente de apenas uma planta, com maior número de sementes. Deve-se enviar também o histórico de aplicação de herbicidas na área e as coordenadas geográficas do ponto de coleta. O envio deve ser feito à Embrapa Agrossilvipastoril, aos cuidados de Fernanda Ikeda. O endereço é Rodovia MT 222, km 2,5, Zona Rural, Sinop (MT). Caixa postal 343. CEP 78.550-970.
Depois, as sementes são plantadas em vasos em casa de vegetação. No processo inicial de avaliação, elas são expostas às doses recomendadas dos herbicidas selecionados para os testes de cada espécie, na fase e condições ideais de aplicação. Aqueles indivíduos que sobreviveram ao controle são previamente classificados como resistentes. São esses dados que são lançados na plataforma.
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Resistência de plantas daninhas
Segundo os pesquisadores, nem todas as plantas que sobrevivem em áreas de lavoura são resistentes. Para chegar ao diagnóstico de resistência, é preciso avaliar se a característica é hereditária, ou seja, se ela passar para as gerações seguintes. Além disso, pode haver diferentes níveis de resistência, que são identificados em estudos de curva dose-resposta com uso de doses crescentes do herbicida e com repetições.
“Este já é um grande indicativo para o produtor. Ele consegue ver como está o cenário na região dele, se há pressão de seleção de resistência para algum produto ou mecanismo de ação e pode usar essas informações na tomada de decisão”, explica o pesquisador da Embrapa Algodão, Sidnei Cavalieri.
Resultados
Com as coletas de sementes em Mato Grosso em 2018, 2019 e 2021, foram identificadas três espécies de maior impacto econômico: capim pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-amargoso (Digitaria insularis) e buva (Conyza spp).
Foram avaliados 196 biótipos de capim pé-de-galinha, sendo 24% classificados como característicos a todos os herbicidas, 54% como resistentes a um ou mais inibidores da ACCase (clethodim, fenoxaprop-p-ethyl e haloxyfop – p -methyl ), 5% resistentes ao glyphosate (inibidor da EPSPs) e cerca de 17% com resistência a um ou mais inibidores da ACCase e ao glyphosate.
Para o capim-amargoso foram avaliados 116 biótipos. Cerca de 69% foram classificados como tolerantes a todos os herbicidas, 22% resistentes ao glyphosate e 8% com resistência a um ou mais inibidores da ACCase (a maior parte classificada como resistente ao haloxyfop) e ao glyphosate.
Da buva foram avaliados 19 biótipos, 21% a todos os herbicidas testados (2,4-D, chlorimuron-ethyl, diquat, amônio-glufosinato, glyphosate e saflufenacil), 42% resistentes ao glyphosate e 37% com resistência ao chlorimuron e um ou dois dos herbicidas avaliados (2,4-D, glyphosate, glufosinato de amônio). Não foi encontrado nenhum biótipo com resistência a diquat e saflufenacil.