A Embrapa, em parceria com outras instituições, está utilizando uma nova metodologia para mapear viveiros escavados, um modelo de produção predominante no Brasil.
A técnica foi aplicada no Paraná, estado que lidera a produção e exportação de peixes no país. A solução combina imagens de satélite de alta resolução, índices espectrais, a classificação orientada a pixels com o algoritmo Random Forest (um método de aprendizado de máquina) e filtros geométricos.
Viveiros escavados no Brasil

A Embrapa destacou que a técnica permitiu obter dados inéditos sobre a aquicultura brasileira em grande escala. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista Aplicações de Sensoriamento Remoto: Sociedade e Meio Ambiente.
Marta Ummus, geógrafa da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e uma das responsáveis pela pesquisa, explica que “conseguiram automatizar o processo de mapeamento com um índice de 90% de precisão”.
Com base nela, isso não elimina a necessidade de validação humana, mas reduziu consideravelmente o esforço necessário para o mapeamento, representando um avanço importante no Brasil.
O estudo foi conduzido usando a plataforma Google Earth Engine (GEE) e imagens de satélite do programa Iniciativa Internacional da Noruega para o Clima e Florestas (NICFI). O processo envolveu a classificação orientada a pixels e o uso do algoritmo Random Forest, com base em 1.200 amostras de treinamento.
“Propusemos uma metodologia inédita no País para mapear, de forma automática, áreas de piscicultura em viveiros escavados. Diferentemente de outros países, principalmente asiáticos, o Brasil não contava com uma metodologia que extraísse os viveiros escavados para áreas continentais interiores”, explicou Bruno Silva, pesquisador do Biopark Educação na Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (Umipi) do Oeste do Paranaense.
A pesquisa identificou 42.369 tanques de aquicultura em 13.514 empreendimentos, cobrindo uma área de 11.515 hectares. Aproximadamente 40% dessas estruturas estão localizadas nas regiões Oeste e Metropolitana de Curitiba, representando 40% da superfície de água utilizada pelos aquicultores no Paraná.

Na mesorregião Oeste, onde estão os principais municípios produtores do estado, como Nova Aurora, Palotina, Toledo e Assis Chateaubriand, encontra-se 24% dos viveiros. Essa região conta com uma infraestrutura produtiva bem estabelecida, com cooperativas agroindustriais que integram a cadeia de valor da atividade.
Já as mesorregiões Centro-Oriental, Noroeste e Centro-Oeste representam 6%, 5% e 4% do total, respectivamente. Juntas, elas somam quase 16% da área na mesorregião Metropolitana de Curitiba. As mesorregiões Sudeste e Sudoeste juntas somam 17%.
Além disso, o mapeamento revelou que mais da metade dos 5.621 empreendimentos aquícolas do Paraná estão concentrados na mesorregião Oeste, com 2.884 empreendimentos, ou mais de 51% do total.