Uma pesquisa inédita realizada com produtores rurais de todas as regiões do Brasil, mostrou o perfil completo de armazéns de grãos dentro das propriedades rurais do país.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) junto com a Esalq-Log (UPS) vem estudando a estutura dos agricultores no pós colheita, fazendo um “Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil”, uma das principais atividades primárias da logística, que é para a competitividade dos produtores e do agro brasileiro.
Agricultores investiriam mais em armazéns com melhores condições de financiamento
A pesquisa ouviu 1.065 produtores rurais de todas as regiões do país, o que permitiu traçar o perfil da armazenagem no campo, de quem utiliza esse tipo de infraestrutura na fazenda, fora da fazenda, em silo bag, e recomendações desses usuários para incentivar e expandir o uso da armazenagem. Os questionários foram respondidos no final de 2022.
A maior parte dos produtores ouvidos, 72,7% disseram que investiria em armazenagem se tivesse crédito com taxa de juros atrativa. Dos entrevistados 35,7% tem conhecimento das linhas de crédito para armazenagem, como o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e 25,9% não conhecem as linhas.
A pesquisa demonstrou que 54% dos produtores rurais quer expandir a capacidade estática de armazenagem, para comportar o aumento da produção própria, 15,9% para atender terceiros e produção própria e 30,1% não tem interesse.
As regiões com maior interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem são o Norte (82,7%), Centro-oeste (78,4%) e Matopiba (73,3%).
Importância do uso da armazenagem
A pesquisa constatou que a armazenagem traz ganhos econômicos ao produtor rural. Quando questionados sobre o uso do armazém, nas últimas três safras, comparado ao preço médio na época de colheita, 40,8% teve ganho entre 6% e 20%.
Os volumes da safra de soja e da segunda safra de milho tendem a ter um benefício econômico em uma janela de comercialização tardia, consequência da dinâmica dos reajustes de preços.
Outro principal ganho está relacionado à redução no custo do frete, já que no pico do escoamento da safra brasileira de grãos, o valor do frete aumenta, diante da alta demanda.
Capacidade de armazenagem das propriedades rurais
Dos 1.065 produtores participantes da pesquisa, 61% não têm infraestrutura de armazenagem na propriedade e 19,8% possuem armazém do tipo silo, convencional ou graneleiro.
A capacidade média total dos armazéns no Brasil é de 159.385 mil sacas de grãos. Se analisarmos por região, o Centro-Oeste comporta 214.592 mil sacas, seguido pelo Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) com capacidade de armazenar 201.551 mil sacas e a região Sul com 141.565 mil sacas.
Cerca de 41% dos produtores armazenaram acima de 75% da sua produção de grãos em infraestrutura própria no ano de 2021. E 57,7% deles disseram que utilizam armazém do tipo silo.
Em relação ao tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura, 42,2% responderam que guardam a produção de 4 até 6 meses e 22,5% de 7 até 9 meses. No total, 84,7% dos produtores ocupam os armazéns de 4 meses a 12 meses para evitar o período de pico da safra.
Isso demonstra a relevância de se ter armazém para esperar a melhor janela de tempo/oportunidade para escoar a safra, fugindo dos altos custos de transportes observados no período de pico de escoamento da safra.
Em 2021, 66,4% dos produtores que não possuíam infraestrutura de armazenagem contrataram serviços de terceiros. As regiões com maiores taxas de contratação foram Centro-Oeste (86,5%), Sul (77,4%), Norte (64,9%) e Matopiba (59%).
A distância média percorrida entre a fazenda do produtor e o armazém contratado para entrega do produto. A média nacional é de 35,1 quilômetros.
Vantagens da conservação dos grãos na armazenagem
Considerando a armazenagem própria, 24,1% apontaram não ter observado perdas de produção e 20,1% responderam ter tido perdas de 0,11% a 0,25% por mês armazenado (dado considerado irrisório, menor que 1%).
Em algumas situações, o produtor pode receber um bônus ou prêmio por possui infraestrutura de armazenagem própria. Segundo a pesquisa, 67,7% dos produtores não recebe nenhum tipo de bônus ou prêmio e 23,1% recebe até 5% no preço do produto;