Pesquisas realizadas pela Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Unicamp e o Campus Avançado da UFPR em Jandaia do Sul identificaram que farinhas produzidas a partir das folhas de amoreira e de ora-pro-nóbis podem reforçar o valor nutricional das rações utilizadas na criação de peixes, como pacu e tilápia-do-Nilo.
Os resultados destacam boa digestibilidade, contribuição para a imunidade e impacto ambiental reduzido, indicando que esses insumos vegetais podem integrar sistemas de produção mais sustentáveis.
Farinhas produzidas a partir das folhas de amoreira e de ora-pro-nóbis

A investigação fez parte da tese de doutorado de Patrícia da Silva Dias, no Programa de Biologia Animal da Unicamp. No Laboratório de Tecnologia em Aquicultura da UFPR, ela avaliou dietas contendo até 24% de farinha de amoreira e 32% de ora-pro-nóbis para pacus.
Segundo a pesquisadora, as duas espécies vegetais representam alternativas regionais e de baixo custo para substituir parte das fontes proteicas de origem animal, como farinha de peixe e farelo de soja, tradicionalmente usadas na nutrição aquícola.
Além do desempenho nutricional, o grupo também observou o efeito dessas farinhas na saúde dos peixes. Pacus e tilápias alimentados com rações contendo 6% de amoreira ou 32% de ora-pro-nóbis demonstraram resposta imunológica mais eficiente e maior resistência à bactéria Aeromonas hydrophila, responsável por prejuízos relevantes ao setor. Nos testes, a sobrevivência chegou a 100% para pacus e a 66,7% para tilápias nessas condições.
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Os ingredientes passaram ainda por análises de segurança ambiental, que incluíram ensaios com Daphnia magna e peixe-zebra (Danio rerio). De acordo com o pesquisador Claudio Jonsson, os materiais apresentaram baixa toxicidade, com valores de CE₅₀ acima de 500 mg/L, enquadrando-se na categoria “praticamente não tóxicos”, segundo parâmetros da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA).
Com elevados teores de proteínas, aminoácidos e minerais, a amoreira comum em áreas de sericultura e a ora-pro-nóbis podem ser cultivadas em pequenas propriedades, fortalecendo cadeias produtivas locais, observa o professor Fabio Meurer, coorientador do estudo.
Os pesquisadores apontam que níveis moderados de inclusão, 6% de amoreira e 32% de ora-pro-nóbis, oferecem bom equilíbrio entre desempenho zootécnico, saúde dos peixes e segurança ambiental, reforçando o potencial dessas plantas na aquicultura sustentável.







