Produtores de leite de várias regiões do Brasil participaram, nesta terça-feira (4), de uma audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para discutir a crise no setor.
O principal ponto de preocupação é a concorrência com o leite em pó importado da Argentina e do Uruguai, que tem pressionado os preços pagos aos produtores nacionais.
Produtores de leite e a crise do setor

O debate, que durou quase seis horas, foi marcado por depoimentos emocionados de agricultores que relatam prejuízos e dificuldades para manter a atividade.
A reunião foi proposta pelo deputado Cobalchini (MDB-SC), que destacou, em entrevista à Rádio Câmara nesta quarta-feira (5), a gravidade da situação enfrentada pelas famílias produtoras.
O parlamentar lembrou que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de leite, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Dentro do país, os principais estados produtores são Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás.
“A realidade que se impõe é o abandono da atividade, especialmente dos pequenos agricultores”. lamentou. “Recebemos depoimentos ontem emocionados de jovens que substituíram os seus pais na atividade, mas que hoje se veem sem qualquer perspectiva, disse o deputado.
Entenda sobre a crise

A crise iniciou após o Departamento de Defesa Comercial (Decom), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), passar a considerar que o leite em pó não é produto similar ao leite líquido, contrariando práticas já consolidadas no Brasil e em outros países.
A decisão ocorre a poucos dias do encerramento do prazo para contribuições no processo de antidumping do leite, o que aumentou a preocupação de entidades ligadas à cadeia produtiva.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), classificou a mudança como prejudicial e sem embasamento. Segundo ele, a entrada de leite desidratado de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, cria concorrência desleal.







