Segundo os dados entre os anos de 2003 e 2017, as vendas de produtos orgânicos cresceram 30% do país. O relatório apontou ainda que no ano de 2020, o setor apresentou uma expansão com o movimento de R$ 5,8 bilhões.
Segundo o Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa), os alimentos são provenientes de espécies características de outros países, como o amaranto, quinoa, damasco e azeite de oliva.
Crescimento de vendas de produtos orgânicos
De acordo com a pesquisa realizada pelos cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mesmo com o Brasil sendo vasto em terras cultiváveis e ter um dos principais mercados agrícolas do mundo, ainda há falhas no levantamento de dados referente ao cultivo de orgânicos no país.
Ainda conforme o levantamento, 1,28% das áreas de cultivo é referente a propriedades com agricultura orgânica, na qual dessas, 30% estão localizadas no Sudeste do país.
Estimativas comprovam ainda que esse tipo de cultivo ocupa 0,6% das áreas agrícolas do país, com predomínio da produção vegetal em 36.689 estabelecimentos. Já os outros 17.162 estabelecimentos dedicam-se à produção animal, enquanto uma parcela menor de 10.389 estabelecimentos têm produção animal e produção vegetal orgânicas.
“A oferta ainda não está bem esclarecida. A pesquisa mostra que há tendência de aumento da demanda, mas que a produção não suprirá essa demanda. Isso não está muito bem claro e precisa ser melhor estudado. Não está claro também os produtos que são mais demandados”, informou a pesquisadora da UFRGS, Andreia Lourenço.
A pesquisadora destacou ainda que para melhorar esse quando, é necessário abrir mais instâncias de participação na sociedade, já que esses espaços de discussão são essenciais para a elaboração de políticas públicas adequadas para diferentes contatos existentes no Brasil.
“Que elas possam aprimorar ações que levem em consideração justamente esses diferentes contextos também pensando nas ações para diferentes escalas. Uma coisa é pensarmos numa escala mais local, outra coisa é a gente pensar em escala mais regional ou territorial. Por isso é importante ter não só uma política nacional, mas políticas estaduais de agroecologia e produção orgânica”, destacou Andreia.
Agricultura familiar
Conforme a Carla Guindani, que atua no setor de orgânicos da agricultura familiar, é super válido que seja realizado investimentos no setor, principalmente para o desenvolvimento de tecnologias para produção de sementes, o que é a base de todo esse processo e no qual essas famílias são as responsáveis por realizarem a produção agroecológica no Brasil.
Ela destaca ainda que a logística também impacta no prelo dos produtos porque não há eficiência para fazer a distribuição. Outro item importante também é a comercialização da produção orgânica, já que o varejo precisa compreender o novo momento vivido com a crescente demanda pelo consumo desses produtos.
“O varejo precisa aumentar o espaço na gôndola para oferecer os produtos agroecológicos para o consumidor e entender que esse segmento tem um valor agregado e que o consumidor está buscando esse tipo de produto. O preço sempre é o fator limitante e a gente vai diminuir o preço quando houver o aumento de consumo. E, quando há tecnologias adequadas para produção, diminui o custo da produção, e esses alimentos chegam ao supermercado e ao consumidor com preço mais acessível”, concluiu.