Na 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), que ocorre no Egito, o Cerrado brasileiro, foi um dos temas de debate na cúpula do clima.
O bioma brasileiro que, em sua maior parte, está no Centro-Oeste do Brasil, mas que se espalha também pelas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, vai receber o Projeto Vertentes, cujos objetivos são combater a desertificação, promover o manejo sustentável das cadeias da soja e da pecuária de corte, recuperar áreas degradadas, diminuir a emissão de gases de efeito estufa e proteger a biodiversidade.
O anúncio do programa foi feito por meio dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Banco Mundial e o Global Environment Facility (GEF).
De acordo com o projeto, serão destinados mais de R$ 130 milhões financiados através do Programa de Impacto de Sistemas Alimentares, Uso da Terra e Restauração (FOLUR, na sigla em inglês).
Ao todo, serão alcançados mais de 47 milhões de hectares do Cerrado na Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Além disso, o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Fernando Zelner, falou da importância do projeto:
“Esse projeto é fantástico porque ele não só nos dá a chance de implementar a agricultura de baixo carbono com também mostra para os parceiros internacionais que quando a gente recebe apoio financeiro, a gente multiplica isso em termos de investimento privado e resultados. Para o Brasil, hoje foi um grande resultado”, celebrou.
O secretário-adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Osvaldo Antônio Pinheiro Silva, também discursou na oportunidade destacando a importância da contribuição no combate à desertificação e na restauração de áreas degradadas:
“Acredito que esse movimento é importante e que o projeto abriu um espaço muito relevante, sobretudo com aquilo que é capaz de acelerar o processo, que é ter recursos disponíveis”, disse Silva.
Agropecuária de baixo carbono no Cerrado
O agronegócio no Brasil está concentrado, em boa parte, no Cerrado brasileiro. Uma preocupação para ambientalistas é o aumento das áreas degradadas para produção agropecuária.
Hoje, ela ocupa cerca 154 milhões de hectares de norte a sul do país, com presença em todos os seis biomas. Isso equivale, praticamente, a todo o estado do Amazonas, que conta com 156 milhões de hectares.
Essas áreas são utilizadas para criação de gado, como também, cultivo de lavouras, que colocam o Brasil com um dos principais produtores de alimentos no mundo.
De acordo com o coordenador de sustentabilidade da CNA, Nelson Filho, o Brasil já tem tecnologia para alcançar alcançar uma agricultura de baixo carbono. A própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), possui décadas de pesquisas científicas sobre agricultura de baixa carbono. São tecnologias como conservação de solos, sistema de plantio direto, recuperação de pastagens degradadas e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
“Vamos integrar melhores tecnologias e ações para que o produtor rural possa garantir ao produto brasileiro, em todas as suas cadeias, uma adicionalidade muito importante, que, além da qualidade, é a sustentabilidade.”, disse Filho.
Além dele, o representante do GEF, Matthew Reddy, falou da importância do Brasil na produção de alimentos para o mundo. Segundo ele, “o Projeto Vertentes traz confiança para os investidores. Esperamos que ele seja expandido”, acrescenta.