O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) vai iniciar, em Rondônia, uma pesquisa piloto voltada ao controle populacional de búfalos asiáticos que se reproduzem sem controle em unidades de conservação no oeste do estado.
O estudo prevê o abate técnico de cerca de 500 animais, o equivalente a aproximadamente 10% de um rebanho estimado em mais de 5 mil búfalos selvagens.
Abate de búfalos asiáticos

A operação será realizada no Vale do Guaporé, região remota e de difícil acesso onde os animais ocupam áreas da Reserva Biológica (Rebio) Guaporé, da Reserva Extrativista (Resex) Pedras Negras e da Reserva de Fauna (Refau) Pau D’Óleo. O território é considerado ambientalmente sensível por reunir três biomas brasileiros, na Amazônia, Pantanal e Cerrado.
Introduzidos em Rondônia na década de 1950, durante um projeto estadual de produção de carne e leite, os búfalos asiáticos foram abandonados após o insucesso da iniciativa.
Sem predadores naturais e sem manejo adequado, a espécie passou a se multiplicar dentro das áreas protegidas, sendo atualmente classificada como exótica invasora. De acordo com estimativas do ICMBio, caso nenhuma medida seja adotada, a população pode alcançar até 50 mil animais em cerca de cinco anos, ampliando os impactos ambientais já observados.
A pesquisa piloto será desenvolvida em três frentes. O ICMBio ficará responsável pela coordenação e logística da ação; a Universidade Federal de Rondônia (Unir) fará a análise sanitária dos animais abatidos; e uma empresa especializada, que se voluntariou para a atividade, executará o abate de forma técnica e controlada.
O objetivo é avaliar a viabilidade operacional da ação, as dificuldades de acesso aos animais e os efeitos ambientais do descarte das carcaças no próprio local.

Desde o início de 2025, o instituto também realiza a coleta de amostras de água para comparar a qualidade antes e depois da operação. Parte das carcaças será monitorada por câmeras, a fim de observar a interação da fauna nativa com o material orgânico deixado no ambiente.
O estudo ocorre paralelamente a uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que cobra medidas urgentes para conter a expansão do búfalo asiático na região.
Em decisão recente, a Justiça reconheceu a gravidade do problema e determinou que o ICMBio e o Estado de Rondônia apresentem, em até três meses, um plano técnico de controle e erradicação, com metodologia científica, cronograma, custos e definição do destino das carcaças.
Na mesma ação, o MPF solicita que o Estado de Rondônia seja condenado ao pagamento de R$ 20 milhões por danos morais coletivos, valor que deverá ser destinado a projetos de reflorestamento nas áreas afetadas.







