A vaquejada, considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pela Lei 13.364/2016, é uma tradição que movimenta mais de R$ 800 milhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ).
A atividade é uma das 22 modalidades esportivas da Associação Brasileira do Quarto de Milha (ABQM), que mais cresceu nos últimos anos e tem contribuído para movimentar a economia no país. Em 2022, foram realizados quase 300 eventos com premiações de mais de R$ 22 milhões.
A história da vaquejada
A vaquejada é uma atividade recreativa-competitiva com características de esporte, que surgiu no Nordeste Brasileiro, entre os séculos 17 e 18, a partir de certas tradições: as festas de apartação, que reuniam vaqueiros para separar as boiadas; as pegadas de boi, que capturavam animais que fugiam do rebanho; e as corridas de mourão, em que vaqueiros corriam atrás de bois nas fazendas.
Dois vaqueiros montados a cavalo precisam derrubar o boi puxando-o pelo rabo, em uma demarcação de duas faixas pintadas no chão. Um vaqueiro é responsável por direcionar o boi para o local da faixa e emparelhar o animal com o outro vaqueiro, que puxa o rabo do boi com as mãos para derrubá-lo.
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Como funciona a vaquejada
As disputas são entre várias duplas, que montados em seus cavalos perseguem pela pista e tentam conduzir o boi na faixa apropriada para a prova, com dez metros de largura, desenhada na areia da pista com cal. Cada vaqueiro tem uma função: um é o batedor de esteira, o outro é o puxador.
O batedor de esteira é o encarregado de “tanger” o boi para perto do puxador no momento da disparada dos animais e pegar o rabo do boi e imediatamente passar para o colega, além de empurrar com as pernas do seu cavalo, o boi para dentro da faixa caso o boi tente levantar-se fora da faixa.
Já o puxador precisa puxar o rabo do boi e de conduzi-lo para dentro da faixa apropriada, é também quem faz quase todo o trabalho não desmerecendo o esteira.
Há ainda o juiz como árbitro na disputa entre as duplas, que fica ao alto da faixa onde o boi será colocado. Ao cair na pista, dependendo do local, pontos são somados ou não para a dupla.
Se o boi for conduzido para dentro da faixa apropriada para esse fim, com as quatro patas para o ar, ele grita para o público: “Valeu Boi”, então, soma-se pontos à dupla, se isso não acontecer, ele fala: “Zero”, a dupla não consegue somar pontos. E ganha aquele que tiver mas pontos somados.
Vaquejada como negócio
A prática se tornou um negócio de entretenimento assim como feiras e exposições agropecuárias, com geração de emprego e renda para famílias nordestinas.
“O evento tem uma contribuição social, milhares de nordestinos, através da Vaquejada, tiveram a oportunidade de mudar as suas vidas, confirmando como o esporte cresceu e se profissionalizou com regras claras asseguradas por leis que garantem o bem-estar animal nas competições. A nossa tradição cultural gera emprego, renda e movimenta a economia brasileira”, analisa Pauluca Moura, presidente da ABVAQ e vice-presidente da ABQM.
O esporte gera por ano cerca de 720 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com a ABAQ. Tanto que há mais de 20 anos, o treinador Juvenal Vieira se mudou do Espírito Santo para Pernambuco e fez da paixão uma profissão. O vaqueiro se tornou referência como domador de cavalos para vaquejada, sendo hoje dono de um dos maiores centros de treinamento do Nordeste.
“Desde criança sou apaixonado por cavalo. E foi na Vaquejada que eu consegui construir a minha história. Eu comecei como tratador, depois tive a oportunidade de correr e competir, e agora nos últimos 15 anos da minha vida, me tornei um treinador reconhecido. O cavalo pra mim é tudo. A Vaquejada mudou a minha vida e de muita gente”, afirma o domador.
A vaquejada é encarada como um grande negócio. Os organizadores começam a cobrar ingressos e o vaqueiro é reconhecido como um atleta da pista. O crescimento veio pelo fato da criação das categorias (aspirante, amador, profissional), fazendo com que a prática desse esporte se expanda.