Uma onda de invasões de terra vem acontecendo desde domingo (16/4) no Brasil. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) pediu a lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a desocupação de áreas.
Segundo o ministro Paulo Teixeira a medida visa manter o diálogo entre os movimentos sociais e o governo. A solicitação aconteceu durante reunião na segunda-feira (17/4).
Em suas redes sociais, o ministro destacou o pedido de reforma agrária feito pelo MST.
“Recebi das mãos da coordenação do MST a pauta da 26ª Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. Neste encontro de 17 de abril, informei que estou em diálogo com a Presidência da República na elaboração de medidas para a retomada do Programa Nacional de Reforma Agrária, paralisado nos últimos anos”.
Teixeira reforçou que o MDA trabalhará pautado pela Constituição Federal “tanto com relação à proteção da propriedade privada e quanto à função social da propriedade. Nesse sentido solicitamos a desocupação das áreas para a manutenção do diálogo entre movimentos sociais e governo federal“, concluiu o ministro.
Lideranças do MST pediram na reunião que o governo faça a exoneração de superintendentes do Incra e que haja nova rodada de negociações com MDA.
Invasões de terra
Desde a divulgação de vídeo no começo de abril, do diretor nacional do MST, João Pedro Stédile, no Canal do Youtube do MST, uma sequência de invasões vêm sendo promovidas pelo MST.
Desde o último domingo (16/4), o movimento invadiu área de pesquisa da Embrapa Semiárido (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), propriedades rurais privadas e sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
As invasões do MST fazem parte do chamado “Abril Vermelho”, que lembra o Massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, e realiza ações para reforma agrária.
O movimento afirma que 100 mil famílias estão acampadas e que a jornada de ocupações é uma forma de pressionar o governo a resolver a situação e retomar a reforma agrária no Brasil.
Governo federal sobre invasões de terra
O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, postou nas redes sociais nesta segunda-feira (17/4), uma fala de repudio e chamou de crime, invasão do MST em uma área de preservação ambiental e de pesquisas da Embrapa, em Petrolina (PE).
“Inaceitável! Sempre defendi que o trabalhador vocacionado tenha direito à terra. Mas à terra que lhe é de direito! A Embrapa, prestes a completar 50 anos, é um dos maiores patrimônios do nosso país. O agro produz com sustentabilidade se apoia nas pesquisas e todo o trabalho de desenvolvimento promovido pela Embrapa. Atentar contra isso está muito longe de ser ocupação, luta ou manifestação. Atentar contra a ciência, contra a produção sustentável é crime e crime próprio de negacionistas”, escreveu o ministro.
O MST afirmou em nota, que local foi ocupado por 600 famílias “com intuito de transformar essa terra devoluta em um projeto de assentamento da reforma agrária”.
Já em nota oficial, divulgada pela Embrapa Semiárido, nesta segunda-feira (17/4), a empresa afirma que a invasão “foi realizada em terras agricultáveis e de preservação da Caatinga”.