Uma pesquisa inédita busca agregar valor à soja comercializada, identificando quantidade de isoflavonas em diferentes cultivares, de várias regiões do Estado de São Paulo, para alimentação humana.
O estudo é realizado pela APTA Regional, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Os resultados mostram que uma mesma cultivar, plantada em outras localidades, pode ser direcionada a variados nichos de consumo.
Pesquisa com cultivares de soja para alimentação
O projeto busca quantificar isoflavonas, através do método de imunoensaio do tipo ELISA e, produzir uma lista de cultivares mais propícias ao consumo por crianças, por adolescentes e por mulheres na menopausa.
Evidências científicas vêm demonstrando que as isoflavonas podem trazer benefícios no controle de doenças crônicas tais como câncer, diabetes mellitus, osteoporose e doenças cardiovasculares.
“O diferencial deste estudo, para o setor produtivo, está em agregar valor à soja para o consumo humano. Esperamos, em breve, chegar com as cultivares quantificadas para fazer parte do mercado consumidor”, afirma a pesquisadora da APTA Regional de Tietê, Keila Duarte, doutora em microbiologia agrícola.
Todo o estudo incluirá relevantes informações aos consumidores, apontando se as cultivares beneficiam ou comprometem a saúde de quem consome.
“Hoje o maior desafio científico e tecnológico está em rastrear a soja consumida pela população”, diz a pesquisadora.
A pesquisa busca encontrar novas fontes do composto secundário isoflavonas, onde sua quantidade na planta depende das condições climáticas, e varia entre diferentes cultivares. Os resultados mostram que uma mesma cultivar, quando produzida em diferentes localidades, pode ser direcionada a vários nichos de consumo.
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Resultados da Pesquisa
A pesquisa, iniciada em 2014 com vigência até 2028, começou com uma dissertação de mestrado, sobre a produção dos anticorpos para quantificação de isoflavonas. Hoje, as análises estão sendo realizadas em diferentes locais de São Paulo.
Dentre as 27 cultivares de soja analisadas, uma colhida em Itapetininga e seis em Adamantina tinham alto teor de isoflavonas, e as 20 cultivares restantes foram semelhantes entre si.
O teor de isoflavonas foi maior nas amostras de Adamantina [maior temperatura e menor altitude] em comparação com Itapetininga [menor temperatura e maior altitude].
Consumo de soja pela população
Por conta do seu alto teor de isoflavonas, a soja pode ser indicada para usos farmacêuticos, como extração de fitoestrógenos, para tratamento de sintomas da menopausa em mulheres que não podem usar hormônios sintéticos, ou para diversos usos cosméticos.
Já os grãos de soja com baixa quantidade de isoflavonas podem ser indicados para alimentação humana, principalmente para veganos e vegetarianos [consumidores habituais de proteínas provenientes de sementes de leguminosas].
As isoflavonas, que incluem a genisteína, daidzeína e gliciteína, são fitoestrógenos com diversos usos e propriedades medicinais. Um grande número de plantas também contém estes compostos, principalmente leguminosas: ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja, e cogumelos.
Comercialmente as isoflavonas são extraídas da soja (Glycine max), rica em fitoestrógenos, principalmente a genisteína. Atividades antioxidantes, antifúngicas, anticancerígenas e estrogênicas estão entre as características dessa substância, usada para melhorar os sintomas da menopausa.