A produção de uva está crescendo cada vez mais no cerrado. Por aqui, já é possível observar várias vinícolas que são tão saborosas quanto as da região sul do país.
Se você é um apaixonado por enoturismo, precisa conhecer uma fazenda que está transformando o cenário agrícola com a produção de uvas adaptadas ao Cerrado goiano.
Localizada em Avelinópolis, no centro de Goiás, o parreiral Por do Sol tem se destacado pela qualidade das uvas produzidas. O local é cuidado pelo engenheiro agrônomo Bruno Queiroz, especialista em viticultura e enologia, que também é responsável por zelar de todos parreirais do centro-oeste.
Queiroz explica que atualmente tem conquistado muito sucesso dentro do cultivo direcionado na região.
“Minha pós-graduação me alavancou nesse ramo, tanto em viti viniferas, que são as responsáveis pelos vinhos finos, quanto as uvas vitis labruscas que são as americanas, destinadas a produção de vinhos de mesa”, destaca.

Cerrado goiano
O cerrado goiano apresenta desafios climáticos para a viticultura, como altas temperaturas e períodos de seca. As variedades de uvas cultivadas são especialmente selecionadas para resistir ao clima.
No centro oeste, mais precisamente no cerrado brasileiro, o cultivo da uva se dá pelo processo da dupla poda, que consiste basicamente em realizar duas podas por ano.
“Em agosto/setembro fazemos a poda de formação, deixando uma gema do cordão esporonado (caule principal da videira) onde formamos o ramo que dará os frutos na próxima poda. Em março/abril, fazemos a poda de produção ,deixando até 6 gemas desse ramo que se formou. Nesse processo, passamos o dormes nas últimas 3 gemas do ramo, e elas brotam com cachos”, explica o agrônomo.
Produção de uva
O engenheiro agrônomo destaca que o ciclo da uva geralmente é de 120 dias, desde a poda até a colheita. Ele explica que realizando a poda de produção na época correta, é possível uma maturação da fruta com maior qualidade, pois o início da fase pintor coincide com o frio de junho.

Segundo Queiroz, isso dá uma amplitude térmica, diferença entre a temperatura máxima e mínima, de até 17° favorecendo o acúmulo de açúcares no fruto, deixando-os mais doces e saborosos.
“Nas uvas viníferas, após a poda de formação, eu elimino os cachos, pois o clima não é favorável para o acúmulo de açúcares no fruto, pois temos muita chuva e pouco sol. Consequentemente não tendo qualidade suficiente e nem açúcar, para vinificação”, argumenta.
Para o agrônomo um ponto positivo, é que com esse manejo de dupla poda no centro oeste, o açúcar acumulado nas uvas é o suficiente para elevar o teor alcoólico para mais de 14° GL. O que significa que o processo de chaptalizar (adicionar açúcar ao mosto do vinho para transformar em álcool) fica dispensado.
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Produtos derivados da uva
Além da produção de uvas frescas, a fazenda se destaca pela diversificação de seus produtos derivados, incluindo:
- Grappa (cachaça de uva): Um destilado refinado que traz a essência da uva em cada gole.
- Geleias: Disponíveis em versões com e sem açúcar, feitas com frutas frescas e ingredientes naturais.
- Sucos: Oferecidos em variedades rosé e tinto, perfeitos para qualquer ocasião.
- Vinhos de mesa: Disponíveis em branco, rosé e tinto, ideais para acompanhar refeições e momentos especiais.
- Vinhos finos: Vinhos de alta qualidade que passam por um cuidadoso processo de envelhecimento, proporcionando sabores e aromas complexos.
Visitação no parreiral Por do Sol

O parreiral Por do Sol está aberto para visitação de 13 de julho a 15 de agosto. Aos sábados e domingos das 8h às 18h, e de segunda a sexta-feira das 13h às 18h.
Por apenas R$ 30,00 por pessoa, os visitantes têm a oportunidade de degustar à vontade as uvas diretamente do parreiral. Caso queira levar, deverá pagar por kilo.
Além da degustação, a visita proporciona um contato direto com o processo de cultivo e produção, oferecendo uma experiência enriquecedora e educativa para toda a família.