A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com os Ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil e dos Estados Unidos alertam que, as colheitadeiras usadas de algodão importadas dos EUA são as principais vias que disseminam sementes da planta daninha caruru-palmeri (Amaranthus palmeri) no Brasil, planta que pode causar grandes perdas de produtividade em culturas anuais.
A planta daninha é originária de regiões áridas do Estados Unidos e México, presente em vários países. No Brasil, inicialmente, foi detectada no estado de Mato Grosso em 2015 e depois encontrada no Mato Grosso do Sul, em 2022.
Planta daninha pode causar danos à produtividade
Essa planta invasora pode chegar as lavouras brasileiras, principalmente pelo trânsito de máquinas e equipamentos, como colheitadeiras infestadas com suas sementes. Ela tem crescimento rápido, produzindo grande número de sementes, podendo interferir nas culturas anuais, como: soja, milho, feijão, arroz, algodão, trigo e sorgo.
As perdas de produtividade podem causar redução de até 90% da produção, além de inviabilizar a colheita mecânica. De acordo com Dionísio Gazziero, pesquisador da Embrapa Soja, é uma planta de difícil controle, alta proliferação e resistência a herbicidas.
“É importante que as colheitadeiras sejam muito bem limpas e descontaminadas. Estas medidas diminuem o risco de alguma semente passar despercebida. A limpeza evita a introdução em novas áreas e deve ser realizada antes do equipamento se deslocar para outra propriedade, uma vez que as sementes são muito pequenas e de difícil visualização, principalmente quando misturadas aos resíduos das colheitadeiras”, esclarece Gazziero.
- Pipoca, canjica, pamonha: Veja a diferença do milho usado em cada alimento
Estratégias de controle
Em condições ideais, o caruru-palmeri podem crescer de 2 a 4 cm por dia, o que pode prejudicar a eficácia dos herbicidas pós-emergentes, pois o atraso na aplicação pode reduzir a sua efetividade. Áreas que apresentam problemas com a planta daninha é muito importante o uso de herbicidas pré-emergentes para auxiliar no seu controle.
O manejo inadequado pode inviabilizar a colheita, aumentar a necessidade do uso de herbicidas, aumenta o custo de produção e ocasionar enormes prejuízos para a agricultura brasileira.
Os órgãos de pesquisa, de defesa agropecuária estaduais e o Mapa trabalham no sentido de montar estratégias para que ela não se alastre. A tomada de decisões governamentais ágeis e fiscalização do cumprimento das medidas fitossanitárias estabelecidas, somadas ao empenho dos produtores, instituições públicas e privadas têm contribuído para a contenção dessa planta nas áreas infestadas.
“Entretanto, é necessário o estabelecimento de uma Instrução Normativa federal estabelecendo diretrizes básicas a serem seguidas no caso de detecção da praga. Esta Instrução auxiliaria na agilidade do processo das medidas de contenção da praga, destaca o pesquisador Alexandre da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo.
A informação sobre a forma como essa planta conseguiu entrar no Brasil serve de alerta para todos os agricultores que importam maquinário usado e para os e órgãos de vigilância vegetal e aqueles utilizam maquinários de terceiros, que transitam com elas de uma área ou estado para outro.
Contenção
Depois de ser classificada como planta daninha quarentenária presente, o caruru-palmeri passa a ser incluída em Programa Oficial de Controle Pragas do governo federal.
No Estado de Mato Grosso, foi instituído o Comitê de Contenção do caruru-palmeri com o objetivo de apoiar os órgãos de defesa agropecuária (Indea-MT) nas ações de combate à esta planta daninha.
“É importante reforçar e rever a política de fiscalização na importação de maquinários usados, bem como sobre o trânsito de máquinas, principalmente entre Estados depois de ter sido detectada no Brasil “, destaca Gazziero.
Veja mais sobre a caracterização e manejo do caruru-palmeri pela Embrapa.
Denúncia
Em caso de suspeita da sua presença, é preciso comunicar ao órgão de defesa agropecuária local para identificação e confirmação da suspeita. Na dúvida, o produtor deve optar pela eliminação da planta em sua área para evitar a sua proliferação.